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No podcast O Café e a Conta, Matheus Mason conta o que o levou a usar IA em seu restaurante e como ela trouxe uma virada fundamental para o negócio

Gravação do episódio com Matheus Mason. Foto: Paulo Psilva

Em nova participação no podcast O Café e a Conta, o empresário Matheus Mason apresenta sua trajetória com o uso de ferramentas de inteligência artificial no Benedito Restaurante. Neste caso de sucesso, a tecnologia possibilitou uma volta por cima sobre um ponto crítico do negócio.

Ele comenta os diferentes usos da inteligência artificial no negócio e mostra como cada um deles corresponde a um ganho de produtividade. Confira um trecho da entrevista ou assista completa abaixo!

O Café e a Conta: Matheus, você está sendo um exemplo vivo de como que os empresários do setor de alimentação fora do lar podem aumentar a produtividade por meio de ferramentas de inteligência artificial e, de certo modo, desmistificando o uso dessas ferramentas. Eu queria que você apresentasse o seu caso.

Matheus Mason: Hoje eu sou um usuário intensivo de inteligência artificial. Se eu pego algum equipamento de tecnologia, é com inteligência artificial que eu estou mexendo, uso o chat GPT no lugar de consulta no Google, e isso surgiu realmente do caos, de um momento supercrítico lá no restaurante, que carinhosamente a gente apelidou de “março sangrento”.

Em março desse ano, 2024, a gente achou que o restaurante acabou. Vou contextualizar um pouco. Eu sou administrador de empresas e para mim tudo é processo, se não tem processo, não tem nada.

E meu irmão, com 30 anos, foi para os Estados Unidos fazer CIA, a melhor escola de gastronomia hoje. A gente tenta fazer o negócio funcionar e não necessariamente é fácil.

O que estava dando errado, na prática?

O restaurante sempre foi muito bem. Nós fizemos o dever de casa para conseguir fazer o negócio funcionar. Só que eu, cartesiano, processo; meu irmão, coração, cultura; choque. Então, bem antes da inteligência oficial, chegou uma hora que eu disse que se a gente não tiver processo, o negócio vai estourar.

Mas a gente ainda estava numa boa, então era mais difícil mudar, porque não sentia dor.

Em março ele teve um burnout, a gente já estava super estressado e, uma semana depois, os sete cozinheiros da cozinha de frente pediram as contas. E aí o mundo explodiu.

No desespero, as pessoas recorrem à igreja, ao álcool, você recorreu, então, à inteligência artificial.

E o legal é que foi por causa de recrutamento de seleção, porque a gente queria pessoas do bem, gente 8, 9 ou 10, que entra para jogar. E no momento que estamos vivendo no Brasil, não está fácil arranjar gente boa.

Nós chegamos a calcular 180 mil de prejuízo e a fechar 40% do salão durante quatro a seis semanas.

Nós chamamos toda a equipe para conversar e a responsabilidade do RH virou nas minhas costas, sem saber fazer um RH de guerrilha, e eu falei ‘vou arranjar um jeito de usar a inteligência artificial para me ajudar’.

Em maio do ano passado, de 23, eu peguei o Chat GPT-3.5, e ele é muito ruim comparado com o que tem hoje. Por quê? Porque você precisa ter muito desenvolvimento nele para ele mandar bem. Eu tenho que fazer todos esses passos pra explicar pra uma inteligência artificial como ela tem que fazer a tarefa.

A gente não fazia isso, então achava que era uma porcaria, porque eu não me dei o tempo de explicar do jeito que ele precisava entender.

Muitas pessoas não tiveram essa paciência de passar da página 2 e pararam na ponta, mas voltando ao caso do Benedito, como vocês fizeram esse momento do recrutamento?

Eu usei o chat GPT para melhorar a descrição do cargo da função que eu precisava, como é o meu plano de cargos, de salários. ‘Me ajuda a desenhar a descrição do cargo, a gente precisa de alguém com tais competências’. ‘Desenha o cargo pra mim’, ‘desenha o anúncio’.

Contratei assistente de cozinha pelo LinkedIn, dois níveis de cozinheiro também, não deu muito certo para hostess, porque o termo é atendente e ele não entendia direito, mas até para cumim funcionou.

E aí entra o segundo ponto, que é conseguir dar produtividade numa tarefa, analisar currículo, entender as pessoas e botar as pessoas para treinar.

Hoje, todas as entrevistas do Benedito são online e gravadas, e aí sai a transcrição, que validamos de acordo com o GPT.

É interessante pensar que você não deu total autonomia para a ferramenta de inteligência artificial para que ela tomasse as decisões por você. Você usou como uma espécie de um copiloto para apoiar sua tomada de decisões. Você faz as coisas mais rápido para ter produtividade de maneira mais assertiva.

Acho que esse é o ponto. Eu tenho que parar pra fazer uma coisa que eu não sou tão bom. A inteligência artificial te ajuda a cobrir esses defeitos, cobrir essas falhas. Vou dar um exemplo de produtividade. Eu tenho duas telas, e fico em uma com a pessoa no Meet, fazendo a entrevista online, e em outra com o ClickUp, que é um aplicativo de gestão de tarefas.

Eu olhava mais o ClickUp para ver o que eu estava escrevendo do que no olho da pessoa. Durou uma hora a minha primeira entrevista. Depois eu comecei a fazer em 20 minutos, porque ele estava gravando e ia resumir do jeito que eu queria que resumisse.

‘Me dá os pontos de atenção. A pessoa bate com a função que eu estou contratando? Eu quero uma assistente de cozinha, quero esses comportamentos. O que eu conversei com ela está traduzido pra você’.

‘Matheus, tem grande chance de dar certo’. Ótimo, vamos testar. ‘Matheus, não tem grande chance de dar certo’. Deixa para o final da fila. Foram 27 entrevistas em duas semanas.

Mas hoje você não usa as ferramentas de inteligência artificial, apenas para assertividade na contratação. Eu vi que você usa também sobre a produção ou na cozinha, dando um exemplo, a ficha técnica, mas também para outros processos.

E eu precisava extrair informação da cabeça do meu irmão para fazer processos, procedimentos, receitas, fichas técnicas, etc.

A cozinheira gravava um áudio contando como fazia tal prato, eu transcrevia e o Chat GPT montava a minha ficha técnica. Eu tenho orgulho de mostrar a minha ficha técnica.

Porque houve um momento de padronização para isso, né?

Inteligência artificial sem processo e sem padronização de processo é brinquedinho de adulto. Ou você entende que é um superpoder só seu, que não vai funcionar pra tua empresa, ou você fala ‘como eu encaixo este novo superpoder em uma etapa de um processo meu, que eu tenho que resolver?’.

A gente usa até hoje para fazer avaliação de funcionário, dar feedback para funcionário, fazer ficha técnica de produção, as nossas avaliações no Google Meu Negócio são automatizadas.

Tem uma outra parte da inteligência artificial que é isso, fazer automação. Hoje, as respostas das avaliações de nota 4 e 5 do Google no meu restaurante são automáticas. Um, dois e três, é uma tarefa pra eu olhar e analisar. Eu quero entender o que aconteceu com aquele cliente e monto a resposta. Assim, eu vou dar um atendimento muito melhor para o meu cliente.

Assista ao episódio completo do podcast O Café e a Conta!

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