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Tanto quanto o carnaval e o Cristo Redentor, Pelé é o grande símbolo do Brasil no mundo

Pelé comemora o primeiro gol da final da Copa do Mundo de 1970, vencida por 4x1 contra a Itália. Foto: Fifa/Divulgação

Rei do futebol, tricampeão do mundo, o homem que parou uma guerra, o atleta do século. Edson Arantes do Nascimento alcançou o status de uma das pessoas mais conhecidas do mundo nas décadas de 50, 60 e 70. Inúmeras foram as vezes em que o Santos de Pelé fez excursões para apresentar o craque pelos quatro cantos do mundo.

É necessário entender o contexto da época para entender o tamanho do rei. Pelé nasceu em 1940, em um mundo completamente diferente do atual. Não existiam redes sociais ou um planeta globalizado, portanto o Brasil estava muito longe de ser reconhecido pelas outras nações.

Muito do Brasil ser considerado o país do futebol com certeza é por causa dele. A referência do maior de todos definitivamente transformou o esporte em uma obsessão ainda maior para os brasileiros. Dentre os nomes mais conhecidos de nosso país em toda a história, talvez Pelé seja o primeiro e o maior.

Por exemplo, quando Garota de Ipanema, canção que se tornou outro símbolo do Brasil, tocou pela primeira vez, Pelé já era bicampeão do mundo e já havia feito diversas excursões pela Europa e América do Norte para mostrar seu talento aos estrangeiros.

Os empresários de bares e restaurantes acabaram de sentir o impacto da seleção brasileira em meio a uma Copa do Mundo em seus faturamentos. No jogo das oitavas de final, contra a Coréia do Sul, houve um aumento de 138% nos gastos em bares e em casas noturnas. Qual terá sido o resultado que o tricampeão do mundo trouxe para o setor durante seus títulos?

Nos bares pelo Brasil, um dos assuntos mais comuns definitivamente é o futebol. A popularização do esporte por aqui se fez a partir de diversos ídolos, principalmente Pelé. Muito por causa dele, grande parte das pessoas se refere ao Brasil como o país do futebol. Mesmo hoje, 45 anos após sua aposentadoria, ele ainda é pauta de discussões em bares sobre o maior jogador de todos os tempos.

Atualmente, Cristiano Ronaldo tem o maior número de seguidores no Instagram, o que demonstra a importância do futebol em todo o planeta. Qual seria o impacto de Pelé, um tricampeão do mundo com mais de 1000 gols marcados na carreira e com a camisa amarelinha, em uma Copa para o setor? Se no Brasil existiram pessoas torcendo por Lionel Messi em bares de todo o país, quantos iriam se reunir para torcer pelo atleta do século ao redor do mundo?

Ainda hoje casos de racismo pelo mundo são comuns, como os que Vinicius Júnior tem sofrido no futebol espanhol, e naquela época existiam ainda mais manifestações preconceituosas deste tipo. Mas por Pelé, todos se curvavam à sua majestade. Até mesmo a rainha da Inglaterra, Elizabeth 2ª, durante uma viagem ao Rio de Janeiro, aproveitou para assistir Pelé e lhe entregar um troféu. Mais tarde, em 1997, Pelé recebeu o título de cavaleiro honorário do Império Britânico.

Muitos não sabem, mas Pelé foi sim um ativista da causa negra. Em 1988, ele foi um dos porta-vozes do centenário da abolição da escravatura. Além disso, em 1995, se manifestou dizendo que “os negros deveriam votar em negros”.

Na época, como ministro extraordinário dos esportes, ele justificou o posicionamento dizendo que “se o negro quer que se tenha uma melhora na sua posição social e uma melhora no Brasil de uma maneira, temos de botar gente no Congresso para defender a nossa raça".

Pelé foi gigante. E seu tamanho não pode ser medido apenas dentro das quatro linhas. Seu combo engloba a representatividade, seu impacto, sua relevância. Seu toque de Midas com certeza não favoreceu apenas os bares e restaurantes, mas inúmeros outros setores da sociedade.

O gênio que fez de seu nome um adjetivo. Afinal depois dele surgiram vários Pelés. Tom Jobim talvez seja o Pelé da música brasileira, Michael Jordan é o Pelé do basquete, Alain Ducasse para muitos é o Pelé da gastronomia, etc... O homem que foi capaz de parar uma guerra na Nigéria se foi, mas o seu legado é imortal. Nos despedimos de Edson Arantes do Nascimento, mas Pelé é eterno.

*Guilherme Paixão é repórter da revista Bares & Restaurantes.

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