A correria da vida moderna e o trânsito caótico da cidade grande levam cada dia mais pessoas a optar por produtos e serviços que cheguem até elas. Não é à toa que sistemas de delivery, clubes de assinatura e outros formatos de entrega movimentaram R$ 1 bilhão no último ano, somente no setor alimentício, segundo pesquisa da Abrasel em Minas Gerais.
O analista da unidade de Comércio e Serviços do Sebrae Minas, Victor Mota Ferreira, afirma que o modelo ganhou mais espaço na capital mineira de 2015 para cá, com a multiplicação dos canais de venda.“O cliente busca cada vez mais comodidade, quer resolver a vida no tempo que ele tem e de onde estiver, por isso o e-commerce está roubando o espaço do varejo físico”, afirma.
Ele ressalta ainda que nem mesmo a crise foi capaz de frear o crescimento do modelo. Desde 2015, o comércio físico teve redução de 8,5% no Brasil, com milhares de lojas fechadas. No mesmo período, o e-commerce cresceu 53%. “Se antes havia o entregador de pizza, hoje temos o mecânico, a manicure, o sacolão. Tudo entregando em casa. A concorrência é forte”, diz Ferreira.
Foi pensando em aumentar a sua cartela de clientes que o fundador da marca de café Campos Altos, José Maria de Oliveira Marimbondo, decidiu, há quatro meses, expandir a atuação por meio de entregas domiciliares. “Nos últimos cinco anos, trabalhávamos somente com o café para exportação. Agora que optamos por oferecer também a opção do café moído e torrado, decidimos entregar direto para o cliente, sem ter que passar por um revendedor”, explica. Recém-lançado pela marca, o produto agradou. “Era um serviço que não existia em BH. Então já estamos fazendo entre 50 e 60 entregas por dia”, diz.
José Maria garante que viu no delivery uma forma de deixar o preço mais justo. “Fizemos o orçamento para colocar em supermercados e vimos que ficaria muito mais caro”, diz ele, que vende um quilo por R$ 30 e isenta a taxa de entrega.
Alguns empreendimentos oferecem também o serviço para empresas e escritórios, como é o caso da Snack Frutas, especializada no delivery de cestas, distribuídas diária ou semanalmente. Cada cesta de madeira retornável, devolvida no dia seguinte, comporta até 40 frutas, com opções mais comuns, como abacaxi, banana, maçã e uva, e outras exóticas, como atemoia, mangostin, nêspera e umbu-cajá.
Aplicativos de entrega facilitaram a consolidação do modelo
Para o analista da unidade de Comércio e Serviços do Sebrae Minas, Victor Mota Ferreira, os números positivos também estão ligados à multiplicação dos canais de venda, que hoje incluem sites e aplicativos de entrega, além do telefone. “A tecnologia possibilitou a criação de aplicativos, como o iFood e o Uber Eats, que facilitam a vida do fornecedor e também do cliente. Sem essas plataformas, era preciso buscar um catálogo ou panfleto para escolher onde pedir. Hoje, a pessoa tem uma praça de alimentação na tela do celular”, explica.
Um dos primeiros a aderir ao recurso digital, o setor de alimentação fora do lar registrou crescimento de 20% no sistema de delivery em Minas Gerais desde 2016. E se o entregador de pizza já é um velho conhecido de quem pede comida em casa, as opções agora são infinitas: comida árabe, italiana, japonesa, indiana, mexicana. É possível experimentar a gastronomia mundial sem sair do sofá.
“Vários bares e restaurantes que ainda não tinham aderido às entregas se viram obrigados a oferecer o serviço para não perder clientela. Quem ganha é o consumidor, que tem muito mais opções”, afirma Ricardo Rodrigues, presidente da Abrasel em Minas Gerais.
Segundo ele, alguns hábitos de consumo foram responsáveis pelo boom do serviço. “Os consumidores da nova geração querem segurança, conforto e economia”, diz ele, destacando que com os pedidos é possível associar a refeição com uma cerveja ou vinho comprados no supermercado, por um preço melhor. “Acaba saindo mais barato”, diz.
Fonte: Hoje em Dia