A Stone tem se pronunciado em inquérito aberto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que apura os efeitos no mercado de pagamentos da verticalização das atividades
A credenciadora de cartões Stone iniciou uma nova ofensiva contra os bancos no mercado de pagamentos. Depois de ter denunciado possíveis práticas abusivas da Getnet, controlada pelo Santander, agora a empresa sugeriu a venda da bandeira Elo pelas instituições financeiras acionistas, como forma de promover mais concorrência no setor. A bandeira Elo foi lançada em 2011 por Banco do Brasil, Bradesco e Caixa Econômica Federal.
A Stone tem se pronunciado em inquérito aberto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que apura os efeitos no mercado de pagamentos da verticalização das atividades -- o fato de os bancos serem emissores de cartões, donos de credenciadoras e controladores de bandeiras. Procurada, a Stone não quis se pronunciar.
No mercado de cartões, as bandeiras, como a Elo, lançam as regras, que envolvem garantias e medidas de segurança, para que as credenciadoras possam passar nas "maquininhas" os cartões que carregam suas marcas. Já as credenciadoras são as responsáveis por habilitar os lojistas para receber pagamentos com cartões, enquanto os bancos oferecem e emitem os plásticos aos consumidores.
"Os bancos são controladores das bandeiras, que colocam as regras para as credenciadoras atuarem com suas marcas. Ao mesmo tempo, eles são acionistas de credenciadoras, que são os participantes do mercado. Ou seja: ao mesmo tempo, os bancos colocam as regras e jogam o jogo", disse uma fonte que acompanha o processo, mas preferiu não se identificar.
O mercado de credenciamento de cartões saiu de um cenário centrado em dois competidores -- a Cielo, do Banco do Brasil e Bradesco, e a Rede, do Itaú Unibanco -- em 2010 para mais de 20 em 2018, segundo o Banco Central. Entre as novatas, a Stone tem sido ativa em relatar práticas anticompetitivas das veteranas. Fontes ouvidas pelo Valor dizem que isso ocorre porque a credenciadora foca no mesmo público atendido pelas veteranas, que são os pequenos e os médios varejistas.
Como exemplo, outra novata, a PagSeguro, entrou no mercado para atender pequenos empreendedores e pessoas físicas que vendem produtos ou serviços. Só mais recentemente as veteranas passaram a abordar esses clientes. No âmbito do processo do Cade, a credenciadora, que é controlada pelo grupo UOL, se pronunciou muito abertamente, dizendo que não vê problema na verticalização em si, apenas quando há abuso que resulte em incentivos à adoção de condutas restritivas. A PagSeguro indicou a Associação Brasileira de Internet para respostas adicionais.
Fonte: Valor Econômico