Ingredientes que vão da horta direto para a mesa. Métodos simplificados, que tornam a rotina na cozinha descomplicada e prazerosa. Comida “de verdade”. Enquanto alguns estabelecimentos replicam técnicas sofisticadas, que incluem a transformação quase completa dos insumos, outros apostam na simplicidade como tática para se destacar e fisgar o cliente pelo estômago.
Representante legítimo da mistura entre as culinárias italiana e mineira, exemplar de comfort food (comida afetiva, na tradução livre) em Belo Horizonte, a Osteria Degli Angeli, no bairro Anchieta, região Centro-Sul da cidade, é um deles. Focado nos sabores simples da comida europeia, mas com um toque local, o restaurante instalou, recentemente, um fogão a lenha no salão principal do estabelecimento. O objetivo? Dar um toque personalizado e caseiro no que sai da cozinha.
“Ao longo da história da gastronomia, surgiram técnicas que nos distanciaram um pouco da origem de tudo. Venho fazendo um trabalho inverso, de resgate e valorização dos produtores locais, da cocção lenta, do fogão a lenha e dessa relação de afeto com o alimento e com o modo de prepará-lo”, explica o dono e chef do restaurante, Rômulo Perdigão.
Ao lado da mulher, Rose, ele prepara pratos que privilegiam ingredientes frescos e corriqueiros, encontrados facilmente em casa, como a abobrinha italiana, um curinga. Releitura do clássico zucchine ripiene – nome italiano para abobrinha recheada –, a entradinha da osteria leva o resíduo, mais ácido, do molho pomodoro usado em pizzas e massas. Para arrematar, queijo canastra e crisp de alho poró finalizados no forno a lenha sob o olhar dos clientes.
Menos é mais
Outro que vem apostando na simplicidade do “menos é mais” – bordão repetido há várias temporadas pelo jurado do reality MasterChef Brasil, Henrique Fogaça – é o La Palma, misto de restaurante e pizzaria no bairro Aeroporto, na região da Pampulha, em BH.
Sob o comando da chef Naiara Faria – filha de Ivo Faria, proprietário do Vecchio Sogno, no bairro Santo Agostinho –, a casa serve receitas italianas com tempero bem mineiro. Exemplo destacado pela cozinheira é o risoto à mineira, que apesar de ser feito com o tradicional arroz arbóreo (variedade italiana do grão), leva bacon, carne seca, feijão fradinho, queijo Minas, couve frita e farofa.
O quintal do estabelecimento também ostenta uma generosa horta de onde saem os brotos e as hortaliças usados nas receitas que chegam à mesa da casa. Parte dos temperos também vai para as massalas preparadas no restaurante comandando pelo pai da chef, na zona Sul da capital. “Nossa pegada é uma comida mais simples, bem preparada, de boa qualidade e com ingredientes de primeira. A ideia é servir pratos fartos com preço justo e sabor incomparável”, destaca Naiara, responsável também pelo preparo dos pães e das massas servidos nos dois estabelecimentos da família Faria.
Bistrô em Ouro Preto adota conceito ‘da fazenda à mesa’
Localizado em uma das cidades históricas mais charmosas de Minas, Ouro Preto, o Glória Bistrô nasceu com o propósito de difundir o conceito farm to table (da fazenda à mesa) ao utilizar ingredientes simples e naturais, comprados diretamente do produtor, e elaborar receitas baseadas na culinária saudável. Das mãos dos chefs Mauro Bernardes – que comandou por duas temporadas o extinto Aurora, em Belo Horizonte – e Camila Botelho, especialista em comida saudável e dona do lugar, nascem receitas descomplicadas, que prezam por insumos sempre frescos e locais e por preparos simplificados.
“Nossa cozinha usa e abusa do forno a lenha, respeita a sazonalidade dos produtos e busca integrar sabor e saúde no prato. Por isso, a questão do produto, da origem dele, e a preocupação com o valor nutricional dos alimentos estão sempre presentes”, explica a cozinheira.
Verduras e legumes
Dentre os carros-chefes da casa estão pratos veganos e vegetarianos, à base de legumes e verduras, que, em contato com a lenha, ganham crocância e ligeiro sabor adocicado e defumado. Risoto cremoso de abóbora com legumes e chips de couve e crudités (aperitivo francês feito com vegetais crus fatiados) com molho à base de tahine, semente de girassol, queijo de castanhas e falafel servidos com pão pitta artesanal são dois deles.
A proposta do restaurante – estabelecimento sem frescura desde a montagem da mesa, que inclui um tradicional copo lagoinha, e dos pratos, servidos em travessas de pedra, por exemplo – é aliar sabor e saúde num cardápio criativo, quase todo autoral. Prova disso são insumos feitos na própria cozinha, de maneira totalmente artesanal, como pães, massas, leites, queijos vegetais e até embutidos.
Fonte: Hoje em Dia