Rafael Ribeiro, de 43 anos, pode se enquadrar no bordão “para mim, crise é oportunidade”. Em 14 anos, o empresário abriu 6 restaurantes mineiros e uma hamburgueria, todos na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Só no ano passado, quando, segundo ele, “todos estavam cabreiros” de fazer negócios com os efeitos do desaquecimento da economia em 2015 e 2016, o mineiro abriu dois restaurantes. “Me deram parabéns e me chamaram de corajoso”, conta. Mas, e a crise? O empresário reconhece que a queda no movimento nos últimos anos abalou seu faturamento, mas o fez pensar em saídas para poder continuar a expandir seu negócio.
Quando percebeu a queda no movimento em 2014, Ribeiro criou um cardápio que tinha a maioria dos pratos do menu oficial, porém compactos e com preços bem mais em conta. O prato mais barato atualmente custa R$ 17,90. Ribeiro diz que, nos dias de semana, 80% da demanda dos restaurantes vem desse cardápio popular. O prato mais caro custa R$ 26,90. “O que tirei do lucro ganhei no volume de vendas. Assim pego o público de ticket (gasto) médio mais baixo”, explica.
Segundo ele, com esse cardápio enxuto e rentável, consegue expandir sua rede de restaurantes. “O dia em que eu não vender mais os pratos desse cardápio é porque a coisa está feia mesmo”, brinca. Ele tem também contado com o crédito dos bancos para ampliar os negócios. No entanto, segundo Ribeiro, a margem de lucro diminuiu – o cardápio está praticamente com o preço congelado desde que foi implantado. Os pratos subiram R$ 1 neste ano. Nos melhores anos de seu negócio, no final de 2000, seu lucro chegou a 24%. No ano passado, ficou em 16,5%, e ele prevê para este ano margem de 18%.
Ribeiro abriu todas as unidades em imóveis alugados, o que encarece bastante seus custos. “Estou segurando o investimento para expandir a rede com imóvel próprio, esse seria o próximo passo. Mas estou na expectativa do próximo governo”, diz. Assim como ele, os empresários Fernando Campos Gomes, Benedito de Almeida e José Mário têm adiado planos de investimento por causa da lentidão na retomada da economia. O PIB do 2º trimestre deste ano ficou em 0,2% frente ao trimestre anterior.
O empresário está sempre de olho no movimento das unidades e faz readequações nos turnos em caso de necessidade. Em um deles, por causa do baixo movimento na hora do almoço, demitiu nove pessoas no ano passado e passou a abrir só à noite. Ribeiro criou ainda um incentivo para os gerentes aumentarem o movimento das unidades, com o pagamento de um percentual de lucro em cima das vendas. O empresário tem o controle semanal de cada unidade, e se uma está no vermelho ele não coloca dinheiro de outro restaurante para saldar os débitos. Dessa forma, explica, incentiva que haja um esforço da equipe para melhorar o movimento.
Fonte: G1