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Empresários buscam soluções energéticas para minimizar custos e evitar repasses imediatos aos clientes

Por Brener Mouroli

Apesar do grande impacto nos custos, empresários tentam organizar o orçamento para não afastar clientes devido ao aumento nos preços. Foto: Midjourney

Bares e restaurantes lutam diariamente para manter suas operações funcionando. Além de serem reféns das altas na inflação e a dificuldade de encontrar no mercado profissionais qualificados, ainda sofrem forte impacto das oscilações nas tarifas de energia elétrica.

O aumento na conta de luz tem se tornado um desafio crescente para bares e restaurantes no Brasil.

Diante das dificuldades em repassar os custos ao consumidor, empresários buscam soluções inovadoras para manter suas operações sem comprometer a qualidade do serviço.

Energia elétrica no Brasil

Segundo o Ministério de Minas e Energia, cerca de 65% da energia elétrica no Brasil vem de hidrelétricas, enquanto o restante é gerado principalmente por termelétricas e fontes eólicas, tornando o país vulnerável às mudanças climáticas.

Desde 2015, o Sistema de Bandeiras Tarifárias ajusta mensalmente os valores da conta de energia, com base na disponibilidade de recursos hídricos e no uso de fontes mais caras, como as termelétricas.

As bandeiras tarifárias são divididas em três cores e quatro categorias, sendo a bandeira vermelha, patamar 2, a mais onerosa para os consumidores, impactando especialmente setores como bares e restaurantes.

Alta na conta de luz em bares e restaurantes

O aumento nas tarifas de energia elétrica é um desafio significativo para bares e restaurantes brasileiros, que já lidam com uma série de pressões financeiras diversas. Empresários desse segmento, como Marcelo Souza, proprietário e chef de cozinha do Homemade Burgers e do Bar do Urso, em Macapá - AP, relatam como as variações das bandeiras tarifárias é um dos maiores custos fixos que precisam gerenciar.

⁠Souza conta que assim como ele, outros colegas do setor também precisam tomar atitudes para reduzir prejuízos consequentes do cenário. Assim, sendo quase unânime a necessidade de ser feito um “malabarismo”, para que ao final do mês não se tenha grandes prejuízos nas contas dos negócios.

Devido às oscilações nas tarifas, a tentativa de repassar esse aumento diretamente ao consumidor final se torna complexa. O economista Fabrício Feitosa observa que o repasse de custos pode prejudicar o movimento dos estabelecimentos, já que preços mais altos fazem com que os clientes optem por alternativas mais econômicas, como cozinhar em casa.

Feitosa expõe que as oscilações nos valores “significa que o custo de produção para os empresários está mais alto do que estaria se estivéssemos no patamar de bandeira verde. Logo, esse aumento no custo faz com que os empresários repassem esse aumento para o consumidor através do preço final dos produtos ofertados”.

Ainda detalha que como consequência do repasse de custos, os bares e restaurantes acabam perdendo o movimento de clientes, resultando em queda na arrecadação. “Isso [repasse de custos] afeta o crescimento do setor porque com preços mais altos em bares e restaurantes os clientes acabam optando por comprar produtos no supermercado e fazer a preparação em casa mesmo”, analisa Feitosa.

Impactos econômicos

Sendo este um dos principais impactos econômicos negativos na realidade do empreendedor brasileiro, a alta da conta de energia pode se tornar uma vilã para o crescimento do segmento. Souza avalia que o repasse dos custos ao consumidor final muitas vezes se aproxima do impossível, devido à grande variabilidade das taxas, dificultando a possibilidade de repasse.

“As altas das tarifas de energia impactam diretamente no custo dos negócios. Temos uma tarifa muito variável com constantes aumentos e fica bem complicado para qualquer empresa manter os valores de seus produtos sem que haja prejuízos”, analisa o empresário que completa “fica quase impossível embutir esses aumentos no cardápio a todo mês, sendo que isso também acaba gerando mais custos para o empresário”.

Cenário econômico

Conforme os dados divulgados pela Abrasel, o segmento de bares e restaurantes apresentou no mês de setembro uma queda de 4% nas vendas e na comparação anual um recuo de 4,5% para o mesmo mês.

Apesar do cenário desafiador, Feitosa acredita que o fim do ano pode trazer alívio para o setor com o pagamento do 13º salário e o aumento nas precipitações, elevando os níveis dos reservatórios das hidrelétricas e, consequentemente, diminuindo a necessidade de acionar termelétricas, o que reduz os custos de energia.

Em sua análise, ele pontua que essa recuperação costuma acontecer a partir da segunda metade de novembro e que neste ano não deverá ser diferente.

“Vejo com bons olhos a aproximação do período chuvoso, que é fundamental para a produção de energia visto que nossa principal matriz energética é a hidrelétrica. Para isso, é fundamental que os níveis das represas estejam altos o suficiente para não acionarmos as usinas termelétricas que aumentam os custos da energia e nos levam a operar na bandeira vermelha”, conclui o economista.

Soluções energéticas

Desta forma, para enfrentar essa situação, muitos empresários têm investido em soluções energéticas. O professor Marcos Lira, especialista em energia limpa, sugere medidas como a troca de equipamentos antigos por versões mais eficientes, como aparelhos com o selo A do Procel e lâmpadas de LED.

Além disso, práticas simples como reduzir o tempo de uso dos aparelhos e otimizar a potência dos equipamentos podem gerar economia considerável.

“Quando a gente fala em boas práticas de eficiência energética não tem muito segredo. A energia, para o consumo ser reduzido, ou você mexe na potência dos aparelhos ou mexe no tempo de uso”, enfatiza o especialista.

A troca de equipamentos por versões mais eficientes não apenas reduz o consumo imediato, mas também representa uma economia acumulada significativa ao longo dos meses.

Para aparelhos de climatização, a troca por modelos inverter pode gerar uma economia de até 30% em relação aos splits convencionais, orienta o especialista.

Além disso, alguns pontos como otimizar o tempo de uso dos equipamentos é destacado por Lira. “Por exemplo, se o estabelecimento fecha entre 1 e 2 horas da manhã, o ideal é que se programe o ar-condicionado para desligar uma hora antes. Assim, o ambiente permanecerá climatizado por mais uma hora sem consumir energia”, indicou o especialista.

O chef macapaense implementou várias dessas medidas em seus negócios, como reduzir o uso de aparelhos quando o movimento é baixo e consolidar insumos em um único freezer. Além disso, ele investiu em estações de energia solar, o que está proporcionando maior estabilidade para suas operações.

“Adotamos medidas para reduzir o tempo de uso dos equipamentos. Por exemplo, desligamos aqueles com pouca utilização ou consolidamos insumos em um único freezer ou expositor refrigerado. Também tiramos produtos do cardápio por conta de estoque, desligamos as luzes mais cedo, usamos apenas uma de duas ou três centrais de ar-condicionado, caso não tenha cliente etc.”.

Embora o cenário seja desafiador, as soluções energéticas oferecem uma luz no fim do túnel. Com a adoção de tecnologias mais eficientes e investimentos em fontes renováveis, bares e restaurantes têm a oportunidade não só de reduzir custos, mas também de se posicionarem de forma sustentável no mercado.

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