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MEI marcou o início da trajetória de sucesso de três empresários do setor de alimentação fora do lar pelo Brasil

O sonho de empreender de Karen saiu do papel e hoje ela faz sucesso com a empresa que abriu com o mardio em Porto Alegre. Foto: Rafael Renck

Após 13 anos trabalhando em um restaurante de frutos do mar, Marcelo Manoel Moreira foi surpreendido com a informação do seu desligamento. O momento que poderia ser considerado uma barreira para o homem, resultou na decisão que seria a virada de chave em sua carreira.

Marcelo resolveu abrir o próprio restaurante; com a indicação de um amigo, negociou o uso de um ponto comercial em sua cidade, Aparecida de Goiânia, e abriu seu serviço de espetinhos em 2013, como MEI. O empreendedor se tornou uns dos 15 milhões de brasileiros que se enquadram no esquema de Microempreendedores.

Com a abertura de seu negócio, Marcelo precisou acumular algumas funções como compra de insumos, preparação dos espetos e preparo na churrasqueira, além de receber os pagamentos dos clientes. Após seis meses em uma rotina pesada de trabalho, o empreendedor contratou o primeiro de dois garçons.

O negócio foi crescendo e com apenas um ano de operação, o empreendedor recebeu a visita de um jornal local; a visibilidade da reportagem marcou a conquista de um novo público e o aumento do faturamento. A nova rotina intensa e o volume de trabalho não impediram o restaurante de seguir crescendo.

Foi quando Marcelo, de maneira ágil, transferiu seu CNPJ que antes era MEI para ME; aproveitando as vantagens do sistema, o empreendedor fez um novo acordo e conseguiu construir o próprio estabelecimento em um lote próximo ao ponto onde deu início à sua história. A churrascaria Picanha da Esquina foi inaugurada em 2017.

Marcelo conta que todo esse processo foi custeado por recursos do restaurante; “O foco principal sempre foi manter uma boa organização financeira e conseguir equilibrar bem as despesas, fazendo planejamentos para o período do ano seguinte”, conta o empreendedor.

Durante a pandemia, a churrascaria tinha uma reserva e seguiu operando no formato delivery. No entanto, mesmo com os pedidos dos clientes, as dificuldades do período pandêmico chegaram ao restaurante, que pegou seu primeiro e único empréstimo.

“Foi um foi um momento difícil na história do negócio, enfrentamos não só a diminuição das vendas, mas também o esforço para manter o quadro de funcionários”, relembra Marcelo.

Hoje, desde a reabertura ao público, o restaurante já voltou a operar normalmente e tem conquistado cada vez mais clientes. Mesmo antes de ser dono do próprio negócio, Marcelo sempre foi focado em cumprir o seu trabalho com excelência.

O empreendedor conta que desde seu tempo como garçom já buscava se qualificar; fez cursos pelo Sebrae e, após abrir o próprio restaurante, manteve o foco em oferecer a melhor experiência para o seu consumidor.

No início dessa jornada, sua meta de vendas era modesta: trezentos reais por dia. Hoje, o Picanha da Esquina tem mais de trinta funcionários e chega a faturar de 18 a 20 mil diários. O empresário conta que já chegou a vender 250 quilos de picanha em uma operação.

Um caminho que, para o empresário, só foi possível através da regularização. Agora, com um público fidelizado, o empreendedor está focado em melhorar o espaço para torná-lo mais receptivo aos clientes, por meio da instalação de aparelhos de ar-condicionado no espaço dos banheiros e a troca de móveis.

Além disso, a busca por inovação no cardápio também faz parte do interesse do empresário por garantir ao seu público a melhor experiência. Em viagens, Marcelo descobriu boas ideias para tornar o menu da churrascaria ainda mais atrativo e incorporou novos pratos, como o bife de chorizo, inspirado na culinária argentina, e o feijão-tropeiro mineiro, que se tornou um dos carros-chefes da casa.

A história de ascensão de Marcelo pode dialogar com o que Karen Quadros e seu marido Marcos Sousa vivenciam na capital do Rio Grande do Sul. O casal frequentava de forma assídua um bar no bairro em que moram. Apesar de gostarem do estabelecimento, Karen notou que o lugar se limitava à venda de bebidas, deixando de lado opções de petisco e pratos para os clientes.

Foi a partir dessa observação e de um desejo antigo em empreender, que Karen e o marido decidiram abrir um bar em Porto Alegre. Após uma movimentação inicial para encontrar o local ideal e realizar a abertura do CNPJ pelo regime de Microempreendedor, o casal abriu uma hamburgueria, em novembro de 2019.

Durante os três primeiros meses, mesmo que a pequenos passos, o estabelecimento passou a conquistar o público pelo sabor dos pratos. Karen e o marido deram início ao sonho de serem empreendedores no setor de bares e restaurantes. No entanto, assim como Marcelo, o casal precisou lidar com a paralisação do atendimento ao público na pandemia.

Durante este período, a expectativa de Karen era que os pedidos fossem diminuir consideravelmente; nesse momento, os empreendedores temeram pelo seu estabelecimento. Mas, com empenho, o espaço funcionou como delivery; “os pedidos começaram a crescer e os clientes passaram a conhecer um pouco mais da Mister Mad”, relembra a empreendedora.

Após a reabertura para o funcionamento com o público, Karen observou que o comportamento dos clientes tinha se alterado. Agora, com a possibilidade de socialização pós pandemia, seu público passou a valorizar mais a boa comida de boteco. O faro empreendedor de Karen não falhou ao mudar o ramo do empreendimento, que deixou de ser uma hamburgueria para se transformar em um bar.

“O movimento dos clientes passou a aumentar e o famoso marketing de boca a boca trouxe ainda mais público para o estabelecimento”, conta a empresária. Com o aumento do movimento do estabelecimento, aumentou também o faturamento do bar.

Karen resolveu dar um passo a mais na regularização do seu negócio e entrou em contato com um contador. Após a consulta, veio a boa notícia: o faturamento do Mister Mad havia ultrapassado o estipulado para o regime MEI na época. Assim, o caminho do crescimento era inevitável e Karen deixou de ser uma microempreendedora para ser a proprietária de uma microempresa pelo regime ME.

Com o novo status, começou a ampliação dos recursos utilizados no estabelecimento. O Mister Mad já havia passado por algumas reformas enquanto ainda era MEI, mas com o aumento do faturamento, a empreendedora investiu na infraestrutura do bar.

Foram incluídos parklets - uma extensão no passeio para comportar o público - e a decoração do espaço mudou; agora, com um ambiente voltado à energia dos anos 80.

Os fornecedores viram a potência do estabelecimento e começaram a apoiá-lo ainda mais. O sucesso do Mister Mad foi estabelecido e, pela primeira vez, Karen passou a se ver como uma empresária, título que antes parecia apenas um grande desejo dos tempos em que ainda era auxiliar administrativa em um hospital de Porto Alegre.

A empreendedora conta que abrir um MEI foi o início desse sonho, que se concretizou com a ascensão da empresa, o aumento do faturamento e, agora, com a abertura do ME. Ao ser questionada sobre qual sentimento fica ao ver o estabelecimento em dias de muito movimento, Karen afirma que o orgulho é a primeira palavra que vem em mente.

A empreendedora recebe seus clientes de terça a sábado, e agora se prepara para expandir o funcionamento do Mister Mad com a unidade inaugurada no último ano, na região central de Porto Alegre. Para 2024, fica a esperança de conquistar ainda mais clientes e, claro, continuar no caminho do empreendedorismo.

Saindo do Sul e indo diretamente para o Norte do país, o estado do Amapá guarda a história de Monique Valente, atual proprietária da Forneria Bella Ciao. Monique Valente possui uma trajetória diferente de Marcelo e Karen: a jovem empreendedora sempre demonstrou interesse pelo universo dos negócios graças às inspirações vindas de sua própria família.

Monique é neta de pequenos empreendedores; desde sua infância observava atentamente os negócios de seu avô paterno e sua avó materna.

Monique, proprietária da Forneria Bella Ciao, teve os primeiros contatos com o setor junto aos seus avós que vendiam refeições. Foto: Katze

Por outro lado, não foi apenas a veia empreendedora que enchia os olhos de Monique, mas também a gastronomia. Sua avó materna trabalhava com vendas de refeições e foi assim que Monique teve seu primeiro contato com o setor de alimentação. Com seu amadurecimento, ela decidiu seguir o caminho empreendedor e abriu uma empresa de pequeno porte de construção civil.

Mas a paixão pela cozinha ainda detinha a atenção da empreendedora. Mesmo trabalhando na área de obras, em seu tempo livre, Monique reunia os amigos em noites de pizza, nesses momentos, era ela que ficava responsável pela cozinha, com a montagem e sabores dos pratos servidos. Os elogios dos amigos eram inúmeros, foi então que começou a motivação para fazer pizzas para mais pessoas.

Em 2018, durante suas férias, Monique resolveu testar a ideia dos colegas e começou, informalmente, a vender pizzas para conhecidos. No primeiro dia, a empreendedora vendeu oito pizzas, no segundo dia o número aumentou para 58 pedidos. Mesmo com as boas vendas, Monique continuou no ramo da construção civil, mas agora fazendo pizzas em casa e aceitando pedidos durante o final de semana.

A atividade informal continuou por dez meses, até que ela decidiu seguir apenas com a área de obras. Porém, com a pandemia, o setor foi paralisado e Monique precisou ficar em casa. O baixo movimento dos negócios e o tempo ocioso fizeram com que a empreendedora retornasse ao sonho antigo de investir na área da gastronomia; ela decidiu se movimentar e voltar a fazer pizzas para vender.

Nesse momento, a empresária saiu da informalidade e abriu seu segundo CNPJ, mas agora como MEI. Segundo ela, o procedimento foi rápido e fácil; com meia hora Monique já era associada ao sistema de microempreendedores e pôde realizar a atividade de forma regular.

Monique tinha um local que não estava sendo utilizado e, da noite para o dia, transformou o espaço em um ponto de delivery de pizzas; ela afirma que foi um sucesso de vendas.

Com o avanço dos pedidos, a equipe precisou se expandir; o local também já não comportava mais as demandas e em 2022 a Forneria Bella Ciao inaugurou seu ambiente presencial. Foi quando a pizzaria deixou de ser MEI, para se tornar ME.

Com a nova modalidade, a equipe reduzida deu lugar para um time com mais de dez funcionários e Monique decidiu encerrar as atividades na área de construção civil; o sonho de trabalhar exclusivamente com a pizzaria foi concretizado.

A empreendedora afirma que a decisão transformou sua vida, e mesmo com toda a rotina de demandas com a Forneria Bella Ciao, ela agora tem tempo para ficar com o filho de 8 anos, por exemplo; o que era apenas um desejo distante, se transformou em qualidade de vida. Agora, a pizzaria se tornou referência em Macapá.

Monique diz que seus clientes são exigentes. “O público quer sabor, qualidade do produto e atendimento, e para atender meu cliente com excelência, eu preciso estar formalizada”, explica a empreendedora. Com a regularização veio também o reconhecimento, e a pizzaria passou a participar de festivais gastronômicos e a ganhar prêmios.

Um grande exemplo é a conquista do título Abrachefs 2023, concurso entre chefs de cozinha realizado pela Abrasel; Monique Valente levou para casa o título de melhor Chef de Cozinha, categoria Chef Pizzaiolo, no Amapá.

A empreendedora afirma que a conquista reforça o reconhecimento pelo trabalho ao longo dos anos. Monique afirma que o caminho de sucesso da Forneria Bella Ciao só foi possível por meio da profissionalização e regularização da empresa.

Com o sistema MEI e, posteriormente, ME, a empreendedora pôde usufruir de benefícios relacionados a impostos, por exemplo, de maneira ágil e fácil. Monique comenta o orgulho ao ver o estabelecimento lotado durante os dias de muito movimento, “saber que algo que saiu de dentro da minha casa conquistou o público traz uma felicidade muito grande”.

Agora, o principal objetivo da empresária é levar o padrão Bella Ciao, o padrão de excelência, aos seus clientes. Para que os empreendedores superem as limitações iniciais do MEI e alcancem o crescimento necessário para se tornarem Microempresas, é importante adotar uma série de medidas e cuidadosamente implementá-las.

De acordo com o Sebrae, em primeiro lugar, é essencial que o empreendedor elabore um plano de negócios sólido, com metas claras e bem definidas.

Além disso, a inovação e o aprimoramento contínuo do produto ou serviço desempenham papel crucial, assim como a capacitação e a atualização constante. Isso envolve não apenas competências técnicas, mas também habilidades em gestão, finanças, marketing e vendas.

Outro ponto relevante é considerar maneiras de agregar valor ao produto ou serviço, seja por meio da diferenciação, como fornecer um atendimento excepcional ao cliente, personalização de produtos, ou a adoção de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis para atrair um segmento de mercado específico. Por fim, estabelecer relações ganha-ganha com fornecedores, parceiros e outros stakeholders é fundamental.

Por meio de uma elaboração de planejamento estratégico, a trajetória vivenciada por Marcelo, Karen e Monique não apenas representa a sua jornada individual, mas também pode servir de inspiração e modelo para diversos outros empreendedores brasileiros.

Esse processo estratégico não apenas delineou o percurso seguido por esses empreendedores, mas também pôde oferecer insights valiosos e direcionamentos para aqueles que buscam alcançar o sucesso em seus empreendimentos.

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