Estabelecimentos se preparam para engajar nas comemorações e celebrar a inclusão; expectativa é de aumento na demanda

No mês de junho, acontecem por todo o Brasil comemorações dedicadas ao Orgulho LGBTQIAP+, sigla que inclui Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans, Queer, pessoas Intersexo e outras minorias sexuais e de gênero.
Tanto o Dia do Orgulho (28) quanto as paradas, que reúnem multidões em cada estado, são momentos marcados pela celebração coletiva e a procura por espaços inclusivos, o que fomenta a atividade de bares e estabelecimentos focados em atender este público.
Em São Paulo (SP), onde acontece a maior Parada LGBTQIAP+ do mundo, o turismo impulsiona ainda mais o movimento em negócios de alimentação fora do lar. O Blue Note, localizado na Avenida Paulista, tem a operação transformada para sediar um dos principais camarotes para o evento.
O espaço, que acomoda 350 pessoas, tem o mobiliário removido para se tornar mais amplo, passando a comportar 600 clientes para o Camarote Pride.
“A nossa preparação é intensa. O maior desafio é a adequação do espaço, mas também temos outras medidas com foco na data. Reforçamos nossa equipe em 30 funcionários, incluindo profissionais para a operação do bar, da cozinha e da segurança”, conta o diretor operacional Pedro Xavier.
Em sua 26ª edição, o evento exclusivo movimenta a casa e eleva o retorno em relação a um dia regular de operação. “O resultado é muito positivo e podemos ver isso no faturamento, que chega a ser pelo menos cinco vezes maior”, afirma Pedro.
Em Belo Horizonte (MG), a Parada acontece no mês de julho, mas isso não anula o impacto da festa no setor. Completando 10 anos de operação, a Esquenta Espetaria já prepara para a comemoração. O proprietário, Fillipe Figueiredo, conta que há desafios, mas que são convertidos em oportunidades de negócio por meio de parcerias estratégicas.
“A gente esbarra na legislação de BH, que limita o horário que podemos ficar com as mesas na área externa para 1h da manhã. Então temos uma parceria com a Dduck, uma boate que tem programação específica, e nossos clientes ganham entrada off para seguir curtindo a noite”, explica.
Segundo Fillipe, o fluxo de clientes é maior após o término da Parada, quando procuram se reunir no bar. “O movimento aumenta bastante e tem muita gente que consome os produtos da casa em pé mesmo, e que só quer ficar lá na região. No ano passado o faturamento aumentou cerca de 40%, e temos a mesma expectativa para 2025”, conta.
Em todas as edições, o bar também oferece uma promoção temática, que ainda não foi definida para este ano.
As ações realizadas durante o período de comemoração, mais do que um movimento para atrair visibilidade para o negócio, são reconhecidas pelo público quando fazem o movimento contrário: demostram que o estabelecimento reconhece a visibilidade da comunidade LGBTQIAP+.
Para o líder de Conteúdo e Inteligência da Abrasel, José Eduardo Camargo, negócios de alimentação fora do lar que têm uma identidade bem construída e clareza de princípios em relação às causas que apoiam, podem construir vínculos mais poderosos e honestos com seus consumidores.
“Uma cultura empresarial bem definida é muito importante para que a marca possa manter um alinhamento entre seu propósito e o seu público-alvo. Essa coerência de posicionamento fica mais transparente em momentos significativos, como a celebração da comunidade LGBTQIAP+. Isso fortalece a confiança do consumidor”, afirma.
Bares diversificam para atender os consumidores
Sede da maior Parada LGBTQIAP+ da região nordeste, programada para o mês de setembro, Salvador (BA) também registra uma intensificação no fluxo de turistas no período. Na cidade, mesmo estabelecimentos que não são dedicados especificamente a este público reafirmam sua posição como ambiente amigável, seguro e acolhedor para todos.
Débora Arnoso, proprietária do Café e Cana, conta que o bar é um aliado conhecido. “Nossa casa já é conhecida pelo público LGBTQIAP+, com a comunicação que acontece durante o ano. Nossa mensagem e posicionamento são transmitidos em nossas postagens, mesmo não sendo um bar totalmente voltado para esse grupo”.
A empresária conta que o vínculo com o público faz com que haja uma procura orgânica no dia a dia e durante datas especiais. “A própria Parada já é a grande programação, e com a alta no movimento, chegamos a ter um aumento de 20% nas vendas ", conta.
Sobre o posicionamento da marca, Débora acrescenta: “usamos as redes sociais para poder manifestar nosso apoio e publicar conteúdos com caráter educativo para combater o preconceito. Acreditamos nisso e defendemos sempre”.