Depois que começou a fazer entregas usando uma plataforma on-line de delivery, Thiago e Maura Cordeiro viram o seu pequeno negócio decolar. Começaram cozinhando em casa, mas os pedidos cresceram cinco vezes e foi preciso abrir um espaço na praça de alimentação de um complexo comercial em Londrina para dar conta da demanda. Logo, o estabelecimento também se multiplicou. Thiago e Maura franquearam o negócio e hoje têm restaurantes em Maringá e, no início do ano, uma nova unidade será inaugurada em Joinville. Na metade de 2019, mais uma deve ser aberta na capital. Cerca de 95% dos pedidos do restaurante vêm do serviço de delivery.
A entrega de comida é uma tendência mundial que encontra mercado ainda mais aquecido no Brasil, diz o head de Comunicação da plataforma iFood, Vitor Magnani, que esteve em Londrina na semana passada. Segundo o site Statista, a receita global do mercado on-line de delivery de comida atingiu os US$ 82,7 bilhões em 2018, com crescimento de 17%. Até 2023, a expectativa é de crescimento anual de 10,7% até atingir os US$ 137,6 bilhões.
Um levantamento feito em 2017 pelo Sebrae com cerca de 1,8 mil pequenos negócios que atuam no segmento de alimentação fora do lar chegou à conclusão que metade dos restaurantes e lanchonetes atendidos pela no Brasil oferecem o serviço. Além disso, 19% afirmam que pretendem apostar em serviços de delivery (se ainda não tem) e 28% pretendem investir em pedidos on-line nos próximos dois anos.
Pedir comida via aplicativos já é um hábito comum entre os consumidores. Só na última semana de outubro, o aplicativo iFood contabilizou 390 mil pedidos por dia no Brasil, crescimento de 109% na comparação com o número de pedidos diários em outubro de 2017. A plataforma cresce duas vezes mais que suas concorrentes em locais como nos EUA, Europa, Ásia e Mena (Oriente Médio e Norte da África). O maior incremento acontece nos grandes centros, onde o trânsito é mais difícil e a rotina de trabalho mais puxada, afirma Magnani.
O Uber Eats chegou a Londrina em outubro desse ano. O serviço faz entregas de comida no já conhecido modelo de transporte da Uber. O app chegou a São Paulo em dezembro de 2016, e desde então já se tornou disponível em mais 25 cidades. "O Brasil é o maior mercado de entrega de comida da América Latina e, desde que o Uber Eats chegou, vimos o quanto os brasileiros ansiavam por uma plataforma que conecta os usuários aos melhores restaurantes da cidade", disse na ocasião Delon White, diretor-geral do Uber Eats no Brasil, em nota enviada pela assessoria de imprensa.
A companhia não revela dados regionais, mas afirma que o serviço atende mais de 100 mil restaurantes em 35 Países e em 350 cidades de todo o mundo. Além disso, conta com 300 mil entregadores cadastrados que realizaram, em média, quatro viagens cada no último mês. "Uber Eats traz centenas de milhares de novos usuários toda semana. Em 2018, em média 40% de todos os novos usuários do Uber Eats também são novos usuários da Uber", afirma Gabriela Manzini, gerente de Comunicação da Uber Eats no Brasil.
Mudança cultural
Para Vinicius Donadio, diretor da Abrasel no Norte do Paraná, a demanda por entregas em casa cresce à medida que as pessoas não querem cozinhar, não querem sair e desejam, ao mesmo tempo, consumir no lar o mesmo prato que comeria no restaurante.
Na visão do diretor, os aplicativos facilitam a maneira de pedir comida, pois o usuário pode filtrar os estabelecimentos pelo tempo de entrega e personalizar o seu pedido, por exemplo. Por telefone, há o risco de o pedido não ser anotado corretamente ou de se tratar de um trote, observa Donadio.
Segundo ele, pelo menos 70% dos associados da Abrasel no Norte do Paraná fazem entregas e usam os aplicativos de delivery. "Quem não está nos aplicativos está deixando de vender. É a maneira mais curta de aumentar o faturamento. O aplicativo dá segurança a quem está comprando e a quem está vendendo."
A maioria dos estabelecimentos associados oferece pelo menos algumas opções do cardápio para delivery, assegura Donadio. A variedade de embalagens permite que o alimento chegue ao seu destino sem perder a qualidade. Esse é mais um dos motivos pelos quais a tendência é que 100% dos restaurantes da associação tenham delivery, diz o diretor. "Estamos numa mudança cultural, do relacionamento das empresas com os clientes. A geração digital exige isso".
Fonte: Folha de Londrina