O tamanho do fundo ainda não foi fechado. A ideia é constituí-lo com recursos do Tesouro Nacional e utilizar as maquininhas de cartão para repassar o crédito às pequenas empresas e aos microempreendedores
O Banco Central discute com o setor de maquininhas a possibilidade de criar um fundo para socorrer as pequenas empresas na crise gerada pela pandemia de coronavírus, de acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast. As conversas, que se estenderam nas últimas semanas, teriam avançado para anúncio nos próximos dias, levando em conta que os empresários de menor porte tiveram seu faturamento comprometido pelas medidas de isolamento, necessárias para conter a propagação da coronavírus no País.
O tamanho do fundo ainda não foi fechado. A ideia é constituí-lo com recursos do Tesouro Nacional e utilizar as maquininhas de cartão para repassar o crédito às pequenas empresas e aos microempreendedores, os famosos MEIs. Pela proposta em discussão, as empresas teriam direito a contratar um empréstimo no valor correspondente à média do seu faturamento dos últimos dois meses. Assim, se o estabelecimento vendeu R$ 100 mil em fevereiro e outros R$ 100 mil em março, teria direito a um empréstimo de R$ 100 mil.
O pagamento do crédito seria descontado das vendas futuras no cartão de crédito, com um prazo longo para não comprometer o fluxo de caixa da empresa. Assim, quando o estabelecimento fosse receber o volume que vendeu nas maquininhas, já estaria deduzido o valor do empréstimo contratado.
A modalidade se assemelha ao chamado crédito fumaça, no jargão do mercado, modalidade na qual as empresas tomam empréstimos com base no histórico do seu faturamento. As negociações avançaram a partir de sugestões do mercado, capitaneadas pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), que levou ao BC a possibilidade de utilizar as maquininhas como um socorro aos pequenos negócios.
Depois de ajudar as pequenas e médias empresas, ofertando uma linha para financiar folhas de pagamento daquelas que faturam entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões no ano, o holofote do BC está voltado, principalmente, para os negócios que ficaram abaixo dessa régua. Isso porque esses empresários viram seu faturamento desabar entre 80% e 90% nas últimas semanas em meio às medidas de isolamento.
As maquininhas surgiram como uma opção justamente pela presença massiva junto a esses pequenos empreendedores. Da base total de 10 milhões de terminais espalhados pelo Brasil das mais diversas cores e modelos, os MEIs, representam entre 3 milhões e 4 milhões, de acordo com estimativas do setor.
Nos últimos anos, o número de microempreendedores no Brasil cresceu e o público, que por anos ficou à mercê dos bancos, entrou no radar do setor de cartões, que se multiplicou com a chegada de novas empresas. Atualmente, são cerca de 20 adquirentes e mais de 200 subadquirentes, empresas menores que ofertam o serviço de captura de transações, mas são plugadas nas grandes. Procurado, o BC não comentou. A Abecs também não se manifestou a respeito.
Fonte: Estadão