A seccional do Paraná dá ao associado o status de “representante” e homenageia o empreendedor que personifica os valores Abrasel
Cada um dos bares, cafés, bistrôs ou restaurantes pertencentes a associados da Abrasel no Paraná passa a ser formalmente investido da função de “representante” da entidade no entorno de sua vizinhança. A placa da Abrasel, afixada na parede interna do estabelecimento de alimentação fora do lar, mostra que o gestor do bar ou restaurante está imbuído da delegação de falar em nome da entidade, nos assuntos ligados à vida cotidiana do seu entorno.
“A autoridade que aquela placa lhe confere, permite ao associado dizer: ‘sou Abrasel’. E assim, torna-se um defensor público da limpeza e arborização das calçadas, da iluminação das ruas, da boa qualidade do mobiliário urbano, como os pontos de ônibus, as lixeiras, placas de sinalização de trânsito, e até mesmo da colocação de um semáforo em determinado cruzamento”, diz Luciano Bartolomeu, diretor-executivo da Abrasel no Paraná.
Ele afirma que a Abrasel, ao defender todas as causas do setor, já representa um milhão de negócios da alimentação fora do lar em todo país. “Agora, explicitamente converte sua rede de associados paranaenses, em elos comunitários, tornando muito claro e ainda mais enfático o poder de cada bar e restaurante de cotidianamente ser um agente de transformação social, atuando em prol da sua comunidade. Além de ter um olhar para dentro do seu estabelecimento, também tem um olhar para fora”.
No dia 18 de dezembro, homenagem à dinastia Madalosso
Segundo Bartolomeu, este é o núcleo do projeto “União que transforma”, que foi publicamente lançado pela seccional paranaense na noite de 18 de dezembro, no Espaço Nova Curitiba – Gastronomia e Eventos, localizado na capital paranaense. Todos os anos, às vésperas do Natal e do réveillon, a Abrasel homenageará um empreendedor da alimentação fora do lar. O principal critério de escolha será o desempenho empresarial, combinado com a sua relevância na produção de impactos sociais positivos para a sociedade em geral.
A primeira homenagem do projeto ‘União que transforma’ foi concedida à família Madalosso, que há 55 anos inaugurou um pequeno restaurante no bairro curitibano de Santa Felicidade, atualmente denominado Restaurante Dom Antonio. O sucesso da casa motivou a instalação de um segundo estabelecimento, o imenso Restaurante Madalosso, classificado pelo livro dos recordes, o Guinness, como o maior restaurante do mundo nos anos 1995/96/97.
A principal justificativa da homenagem é que os dois restaurantes – o Dom Antonio, aberto em 1963, e o Madalosso, inaugurado em 1970 – se revelaram ativos viveiros de empreendedores. Muitos integrantes do ramo familiar dos Madolosso abriram outros 11 estabelecimentos de alimentação foram do lar. Ou seja: os filhos, sobrinhos e netos da matriarca Flora Madalosso Bertolli, 78 anos, que continua no comando dos restaurantes Dom Antonio e Madalosso, juntamente com o irmão Carlos e três sobrinhos.
Jovens, que ajudavam nos dois restaurantes dos ancestrais, resolveram empreender .
Se hoje há um total de 13 empresas associadas ao sobrenome Madolosso, não significa que elas fazem parte de um mesmo grupo. Excetuando-se os dois restaurantes pioneiros, todas as demais 11 casas do setor da alimentação fora do lar têm diferentes perfis e inscrições no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Há um caleidoscópio de estabelecimentos: bar com espetáculo de humor executado por um só comediante, geralmente em pé (‘stand up’); padaria; comida a quilo; e dois sofisticados restaurantes da cozinha italiana à la carte, com toques nova-iorquinos.
O Madolosso – a estrela mais visível aos olhos do grande público – é um restaurante de rodízio, em que um contingente de mais de 70 garçons se reveza no ato de levar às mesas porções de frango (a passarinho, prensado, asinha, fígado, moela), radite com bacon, uma dúzia de diferentes massas (nhoque, lasanha, espaguete, ravióli etc), risoto, polenta frita etc. “O fundamental, na homenagem, é que os pioneiros dos restaurantes Dom Antonio e Madalosso detonaram um processo em cadeia. Filhos, netos e sobrinhos dos irmãos Flora e Carlos Madalosso trabalharam lá, o que serviu de trampolim para que ousassem investir em seus próprios estabelecimentos.
Conhecido como Beto, Carlos Roberto Madolosso Filho escreveu no seu portal Tutano Gastronomia: “Nasci no estacionamento do Restaurante Madolosso. Eu e todos os meus 27 primos de primeiro grau”. Diz, ainda, que “donos de restaurantes colocam os filhos para trabalhar desde cedo”, acreditando que “essa é uma ótima maneira” de ensiná-los “a dar valor ao que têm”. Mas acabam trabalhando para valer. “Parentes raramente têm cargo definido, registro em carteira, horário para entrar ou sair, e, quem dirá, têm salário. Parentes ajudam. E se não quiserem ajudar, são tidos como desertores”. Beto é dono dos restaurantes curitibanos Forneria Copacabana e Famiglia Fadanelli. 
O diretor-executivo da Abrasel no Paraná acentua que é da natureza dos restaurantes serem “viveiros de empreendedorismo”, com os garçons e até profissionais de cozinha muitas vezes deixando o emprego de muitos anos para abrir seus próprios negócios no setor, seja um bar, um bistrô ou um café”. Assim, por ter deflagrado tal efeito em cascata e em larga escala, a dinastia (ou o clã) Madalosso foi eleita para inaugurar com pompa e circunstância a série de homenagens de fim de ano, como parte do projeto ‘União que transforma’.
‘União que transforma’: uma criação coletiva voltada ao propósito social
A presidente do Conselho de Administração da Abrasel no Paraná, Jilcy Rink, relata que em meados do ano passado se realizou uma reunião na entidade para um debate interno com vistas a se modelar algum projeto em que se acentuassem os valores representados pela entidade. No encontro, o líder do Conselho Estadual, Marcelo Pereira, observou que o slogan ‘A Abrasel faz com gosto’ diz apenas do zelo de se atender bem o cliente, sem aludir a qualquer propósito social. E, com este mote, acionou-se um processo criativo de se solucionar a questão colocada à mesa. Isto é, como podemos tornar perceptíveis os valores inerentes à Abrasel?
Também estavam presentes ao encontro os dirigentes das regionais sediadas em Maringá, Londrina e Foz do Iguaçu. Promoveu-se, então, uma dinâmica de grupo (brainstorm, ou tempestade de ideias), utilizando-se da técnica do “design thinking”. Os pontos de partida eram os impactos sociais gerados pelos estabelecimentos de bares e restaurantes, como a maior segurança das calçadas e ruas, a forte geração do primeiro emprego, sobretudo para jovens de todas as classes socioeconômicas, o fomento às cidades vivas, a difusão da cultura empreendedora, uma vez que empregados do setor costumam, depois de adquirir experiência e de ter alcançado alguma notoriedade pública, abrirem seus próprios negócios.
“Esse conjunto de valores permitiu aos participantes da reunião concluir que os citados impactos têm um autor, que vem a ser o empreendedor, aquele que tomou a iniciativa de investir em um bar ou restaurante. Aos nossos olhos, ele se projeta como o principal agente e a principal voz da Abrasel, porque, no final das contas, é o responsável por uma gestão bem-sucedida e pela geração de tantos benefícios à vizinhança. Daí por que o seu reconhecimento é da maior importância, pois suas práticas se tornam inspiradoras para que outros sigam o seu exemplo. Foi muito feliz a ideia de institucionalizá-lo como um elo, com um representante da Abrasel”, descreveu Luciano Bartolomeu.
A partir dessa plataforma dos valores da entidade, chegou-se ao consenso de que é adequado se homenagearem uma empresa e um empresário paranaenses que tenham se tornado referências para o Paraná e para o país. “Toda a história do Madolosso levou a uma indicação unânime por parte do grupo. Na escolha do homenageado do ano que vem, vamos elaborar um sistema de consulta, formando uma comissão de premiação”, acrescentou Jilcy Rink.
Fonte: revista Bares & Restaurantes
