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Hitendra Patel mostra sua visão sobre crescimento estratégico, empreendedorismo, criatividade e afirma: é mais importante integrar tecnologias do que criá-las do zero

Por Danilo Viegas

“Estejam prontos para mudar rapidamente”. Essa foi a primeira dica dada por Hitendra Patel aos empresários brasileiros da alimentação fora do lar. O fundador e CEO do IXL Center – consultoria global de inovação, concedeu uma entrevista exclusiva à revista Bares & Restaurantes em que falou sobre a relação de tecnologia e inovação, hábitos de consumidores e metodologias para se treinar a criatividade. Além de ser professor de inovação e crescimento estratégico na Universidade de Toronto, Patel criou também o IXLerator, que impulsiona pequenas, médias e grandes empresas por meio de ideias adjacentes ao seu core business (modelo de negócios).

Hoje, o IXLerator é considerado o maior acelerador de PMEs do mundo. Descendente de indianos e criado na Zâmbia, ele prestou também auxílio para mais de 50 empresas globais com o objetivo de impulsionar iniciativas de transformação para desenvolver capacidade de inovação e obter resultados de crescimento 10 vezes que o de empresas convencionais. Hitendra defende que a tecnologia em si não representa uma inovação assim tão relevante. A transformação vem da aplicabilidade desta ferramenta, seja para resolver problemas ou para otimizar processos e simplificar questões.

A pergunta “por que não?” é usada repetida vezes no discurso de Patel, algo que ele parece trabalhar como uma espécie de provocação, instigando o interlocutor a uma reflexão que, ao final, irá catalisar em uma ação. Algo como: ‘quer saber? Realmente, por que não?”. Mas como toda essa transformação pode ser aplicada por pequenos negócios?

Mudanças

“Muita gente pensa que para gerir negócios existe uma receita pronta. O problema é que tal como a vida, não há um livro de regras, nenhum mapa. Você terá que simplesmente ir e fazer, e quando você sai da teoria e cai na prática, tem que estar disposto a ser flexível, a aprender, a experimentar, mas acima de tudo, tem que aprender a mudar, e mudar rápido: seja o cardápio, o layout do restaurante, a dinâmica do atendimento. Observe como as pessoas interagem com as suas coisas, sua equipe, sua comida. Todas essas coisas devem estar aptas a mudanças rápidas. Não seja do tipo ‘é assim que faremos porque é assim que sempre fizemos’. O mercado muda, os hábitos mudam e os consumidores mudam. Se você não mudar, provavelmente vai perder”.

Tecnologia

“A tecnologia é importante e você deve aprender sobre ela o máximo que puder. Está mais intuitiva, o que significa que mais pessoas estão usando, mas o que você precisa é descobrir de fato o que as pessoas querem. Os empresários precisam conhecer seus consumidores: como são? Onde vivem? O que eles pediram (do cardápio) a última vez que estiveram aqui? A tecnologia, como o Big Data e a Internet das Coisas, pode te dar todas essas informações. Por que então não usá-la a seu favor? Com isso, nas próximas ocasiões, é possível o garçom, ao atender o cliente, dizer: ‘Olá, senhor, aqui está a mesa que você gosta de se sentar. Temos aqui aquele filé que senhor adorou na última visita’.
No outro lado do balcão os ganhos também podem ser imensos. Temos visto muitas tecnologias aplicadas à robótica, o que ajuda na eficiência dos processos. O jeito de fazer comida é realmente uma receita. Se for, de certa, maneira ‘robotizada’, podemos conseguir uma velocidade mais rápida. Se você é dono de restaurante, precisa pensar no tipo de informação que precisa. Seja qual for, existe essa tecnologia por aí, tem alguém que pode te dizer como fazer o que você quer. Junte-se com esse cara e faça as coisas acontecerem! Acho que países como o Brasil vão liderar esses processos”, analisa Patel.

Grandes ideias

“Se perguntarem aos alunos da minha escola de negócios, todos eles têm grandes planos e ideias. Querem alguém com dinheiro para que essas ideias possam ser executadas. Eu digo a eles: se é uma ideia tão boa assim, por que vocês mesmo não começam? Se você está procurando dinheiro para colocar em prática as ideias, você está basicamente procurando um emprego, alguém que te pague para trabalhar. O que tento defender é: se a sua ideia é boa, o consumidor certamente irá pagar por ela, então por que não sair por aí o mais rápido que puder e ver as coisas por este ponto de vista? As pessoas irão até você se a sua ideia for boa. Elas vão dizer: ‘eu quero um pedaço disso’. Nós vimos isso acontecer com o Facebook, o Bill Gates foi até eles. Mark Zuckerberg nunca pediu dinheiro, ele mostrou a ideia e o dinheiro veio até ele.

Conexão dos pontos

“Para se ter uma cultura inovadora, é preciso ter a habilidade de conectar os pontos para ter uma visão geral, periférica, sobre qualquer tipo de assunto. Não fui eu que disse isso, foi Steve Jobs. Eu fico pensando; será possível que ele conseguia visualizar os mesmos pontos que as outras pessoas também enxergavam, mas conseguia juntar mais rápido esses itens para construir uma visão maior? Acho que sim. Steve Jobs aprendeu várias coisas, como música e caligrafia, e no meio do caminho aprendeu sobre computadores. Ele juntou esses conhecimentos para construir esse lindo aparelhinho (o smartphone) que todo mundo ama. O ponto aqui é: se você consegue conectar pontos sobre engenharia computacional e comportamento humano e junta tudo isso, você é um gênio. Acredito que pessoas como Steve Jobs e Bill Gates ‘tenham naturalmente mais pontos’. Se você quiser ser como eles, obviamente precisa ficar mais inteligente. Regra número um; faça a sua parte para unir e organizar esses pontos mais rápidos. Dois: leia mais livros, interaja com mais pessoas, converse com pessoas mais inteligentes que você. Os grandes artistas, cientistas, arquitetos, eles tinham ideias que construíam e descartavam rapidamente, na oitava, ou nona tentativa é que saiam os grandes livros, as fórmulas mágicas, os imponentes prédios. De certa maneira, todos nós podemos ser assim, é preciso saber a forma como esses pontos se conectam”.

Crescimento exponencial

“Essa coisa de exponencialidade está uma loucura hoje. Todo mundo falar sobre crescimento exponencial ‘para aquilo’ e soluções disruptivas ‘para isso’. Ao meu ver, a verdadeira oportunidade aqui é que pela primeira vez uma pequena empresa, de cinco a dez funcionário pode projetar uma coisa imensa, que vai impactar um grande número de pessoas. Exponencialidade é isso”.

Serviço:
Para saber mais sobre o IXL Center e o trabalho de Hitendra Patel, acesse: ixl-center.com/

*Reportagem originalmente publicada na edição 122 da revista Bares & Restaurantes

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