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Para a Abrasel, cria-se, ainda, mais uma responsabilidade para os empresários e gestores de um dos setores mais atingidos pela pandemia: a da fiscalização

Foto: Cristine Rochol - Flickr / Ministério do Turismo

Bares e restaurantes foram novamente surpreendidos por uma decisão da Prefeitura de São Paulo, que anunciou na manhã desta segunda-feira (23) a instauração de um “passaporte da vacina”. Segundo o prefeito, Ricardo Nunes, para frequentar esses estabelecimentos será necessário que o cidadão comprove, por meio de um aplicativo, já ter recebido ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19.

A Prefeitura não deu qualquer detalhe sobre o funcionamento do aplicativo, mas já definiu a data para a nova regra: a próxima sexta-feira, dia 26. Para a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a medida não é razoável e nem exequível, além de ser divulgada sem que houvesse qualquer diálogo prévio com o setor e com a sociedade civil.

Para o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, a decisão do prefeito é, além de ineficaz no combate à pandemia, um desserviço. “Com a medida, criamos uma diferenciação entre os cidadãos, entre aqueles que já se vacinaram e os que ainda não puderam ou não tiveram a oportunidade de receber a vacina".

"Há pessoas que, por restrições de saúde, não podem ser imunizadas agora. Elas serão impedidas de entrar no restaurante? E aqueles que vêm de outros estados, onde a campanha de vacinação está mais lenta, ficarão impedidos de comer na cidade? Não faz o menor sentido”, destaca.

O “passaporte da vacina” ainda aprofunda um abismo para os cidadãos que não têm smartphone ou bom acesso à internet, impedindo-os de frequentar bares e restaurantes. De acordo com a Abrasel, cria-se, ainda, mais uma responsabilidade para os empresários e gestores de um dos setores mais duramente atingidos pela pandemia: a da fiscalização.

“Caso um cliente se recuse a mostrar a comprovação da vacina, como os estabelecimentos devem proceder? Acionando a polícia? Os policiais vão dar conta de atender essas demandas? Esse é a melhor ocupação da força policial? São perguntas que a gente se vê obrigado a fazer diante de uma decisão estapafúrdia dessas”, completa Solmucci.

Segundo ele, chama atenção ainda o fato da própria Prefeitura anunciar a aplicação da primeira dose na quase totalidade da população adulta, mais de 99%. “Qual o sentido de pedir essa comprovação se praticamente 100% já tomou a vacina? Faz sentido correr atrás deste 1%, se é que ele é localizável? Não seria muito mais exitoso promover uma forte campanha para aumentar os índices da segunda dose, que estão em atraso?”, questiona.

A Abrasel tem alertado para um cenário que vem se repetindo em todo o País: governadores e prefeitos legislando por meio de decretos em questões importantes, muitas vezes sem diálogo. “Nossa impressão é que há uma necessidade imperiosa de mostrar que algo está sendo feito pela população. Os governantes pegam um exemplo de fora do país, em cidades onde o índice de vacinação está absurdamente mais baixo do que no Brasil, e tentam implementar por aqui".

"E isso gera um efeito contrário muito perigoso, que é a falsa sensação de segurança, com pessoas afrouxando os cuidados, como uso de máscara e distanciamento. Tomar as duas doses da vacina não significa que a pessoa não possa ser portadora do vírus e transmiti-lo a outras. Se algo nessa linha tiver que prosperar, precisa ser debatida com seriedade e competência científica e operacional no Parlamento”, finaliza Solmucci.

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