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A modernização da legislação trabalhista começará a aproximar os empregadores e empregados, desfazendo o histórico antagonismo



Por Valerio Fabris

“Valorizo a dificílima arte de fazer de modo simples”, diz Honório Pinheiro, presidente da Confederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL) e coordenador da União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços (Unecs). Isso significa ter um “propósito e traçar os caminhos da vida para alcançar o objetivo almejado”. A sua razão existencial, como resumiu, são a qualidade de vida das pessoas, das famílias e da comunidade, por meio da educação. Estes princípios se formaram nele, conforme descreveu em entrevista a Bares & Restaurantes, a partir da pedagogia do berço.

Nasceu em 1954, atravessou a primeira infância, até os dez anos de idade, em um distrito de Solonópole, a cerca de 100 quilômetros de Quixadá e Quixeramobim, na macrorregião do Sertão Central cearense. O segundo dos cinco filhos de uma família muito pobre, sendo dois homens e três mulheres, às vezes só encontrava o que comer nos peixes pescados no açude, em meio à paisagem árida. A mãe, Gracinda, era professora primária. Alfabetizou todos os de casa. O pai, Joaquim Honório, um camponês do agreste, repetia o mantra diário: somos todos frágeis e temos de unir, solidariamente, com os vizinhos.

Quando chegou o tempo do ginásio, Honório mudou-se com a família para a sede municipal de Solonópole, que conta, hoje, com 18 mil habitantes. Lá terminou o ginásio. Daí, junto com o irmão Bosco, seguiu o caminho de Fortaleza para cursar os três anos do colegial, em busca do propósito comum entre os dois: profissionalizarem-se, com vistas a ajudarem a família a ter uma vida melhor. Dormiam em um barzinho da periferia da capital, um cubículo. Das reflexões sobre os ensinamentos dos pais, Honório fez dos livros o seu primeiro ofício. Passou-a vendê-los de porta em porta: a enciclopédia Barsa, a coleção de Monteiro Lobato, a Bíblia.

Para tanto, arrumou um paletó emprestado do seu tio Antônio, motorista do Tribunal de Justiça. Quando descansava da bateção de pernas, lia. Arrumou a ocupação de vendedor de frutas e verduras, em uma banca de feira livre. Ele e o irmão entraram para a faculdade de Administração de Empresas. Trabalharam na J. Macêdo, um grupo que se iniciou com a moagem de trigo, e, posteriormente, diversificou-se para a fabricação de massas, misturas para bolo e sobremesas. A seguir, foi contratado para coordenar a operação comercial da rede de concessionárias da Volkswagen no Ceará.

Honório e Bosco resolveram, em 1979, montar um pequeno empório para o pai, na periferia de Fortaleza. Daí surgiu a Mercearia União, denominação que se referia ao elo com os vizinhos, tão proclamado pelo progenitor. Mais tarde, os irmãos deixaram seus empregos e juntaram-se ao pai. Abriram mais duas lojas. Em 1991, emerge a nova marca: Pinheiro Supermercado, já com um slogan que é, na verdade, um certificado das lições de casa: o bom vizinho. São, hoje, 11 lojas espalhadas na capital, em Sobral, Quixadá, Limoeiro do Norte e Aracati, dispondo-se, também, de um centro de distribuição na região metropolitana de Fortaleza.
O presidente da CNDL e coordenador da Unecs é sócio do irmão Bosco na rede supermercadista. Formou-se em Administração de Empresas, Direito e Psicologia Organizacional, com dois cursos de pós-graduação. Presidiu a Câmara de Dirigentes Lojistas do Ceará. Na sequência, assumiu o comando da federação estadual das Câmaras de Dirigentes Lojistas, a FCDL. Em julho de 2017, tornou-se o coordenador da Unecs (ver pág. 25). A ênfase que ele conferiu ao associativismo comercial, em seu percurso, conceitualmente converge para a sua visão gregária de aproximação entre as pessoas, em torno de um objetivo comum. Este é o patamar sobre o qual, no seu modo de ver, tem de se plantar a educação, “que é o principal vetor do desenvolvimento socioeconômico sustentável”.

Com esta plataforma, presidiu a Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza. Em 2008, inaugurou dentro da sede da instituição a Faculdade CDL, que oferece os cursos superiores de Marketing, Logística, Redes de Computadores, Ciências Contábeis, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, e Gestão Comercial. Oferece, também, cinco cursos de pós-graduação, entre eles os de ICMS, Gestão Estratégica de Pessoas, e Gestão de Comunicação.

Honório Pinheiro sente-se, como ele mesmo se define, como “uma pessoa do povo’. Enaltece os ambientes em que haja a mistura social, com as classes de diferentes de renda compartilhando o mesmo espaço de convívio. Acha que não pode existir, “de modo algum”, o elitismo nas associações de empreendedores, como nos tempos de 1955, quando a entidade dos lojistas foi fundada, no Rio de Janeiro, com o nome de “Clube” (e na Câmara) de Dirigentes Lojistas.

O que continua atrapalhando uma parcela do associativismo no Brasil, como sublinhou, são a vaidade e o ciúme entre os que almejam o status de líder, a falta de planejamento e método, a atitude voluntarista de se tocar vários projetos ao mesmo tempo, a intermitente mudança no rumo das ações, a excessiva importância que se dá às autoridades de cúpula, em detrimento de uma relação orgânica com as bases da sociedade: as pessoas, as famílias, as vizinhas e as comunidades.
“Nos nossos negócios, olhamos para dentro, isto é, para os colaboradores, e para fora, isto é, para os clientes e fornecedores. É imprescindível que se acredite nas pessoas. A nossa matriz é a crença, a capacitação e a parceria”.

O que tende a mudar na relação entre os empregadores e empregados, agora que se iniciou a revisão da legislação trabalhista?

Começará a mudar a cultura, o que não é um processo fácil. Desde o Brasil colônia, o patronal não se comunicava com o laboral. Houve sempre um viés de disputa. É uma questão que atravessou os tempos, de forma muito viva, até umas três ou quatro décadas atrás. E isso mudou muito pouco de lá para cá. O que se passa a exigir, daqui em diante, é uma evolução no sentido da complementariedade. E, nesse processo, a figura do dono vai se diluindo. Desaparece, automaticamente, na medida em que todas as pessoas, seja em uma empresa média ou grande, se envolvem no mesmo projeto. Quando é uma empresa pequena, o que se requer, para que se alcance o ponto da complementariedade, é encontrar os parceiros certos.

Quem tem de mudar: patrões ou empregados?

Todos. As mudanças na legislação trabalhista nos colocam diante do desafio de um avanço cultural, em que as pessoas não mais estejam em lados opostos, passando a se sentarem e dialogarem em uma mesa redonda. Os sindicatos também terão de mudar, porque foram construídos sob a ótica de se dar força ao trabalhador, mas não uma força de capacitação e conhecimento, e sim de disputa, de conquista. E, do outro lado, o empregador sempre via o sindicato laboral com esse viés do confronto.

Além das alterações na legislação trabalhista, o que pode impulsionar essa evolução cultural?

Há dois vetores que, a meu ver, são muito importantes, são imprescindíveis: a educação, sob o ponto de vista da formação, e a comunicação. No passado, o empregador dispunha de uma matriz de desenvolvimento (educação, informação, conhecimento) muito maior do que a do empregado. Nesta era da internet, isso se alterou enormemente. Já não há mais o monopólio do conhecimento, tornando-se mais facilmente constatável o que o pedagogo e filósofo Paulo Freire, que trabalhou muito com a educação de adultos, dizia: não há saber maior ou menor; há saberes diferentes. Anteriormente, as diferenças entre as pessoas eram facilmente identificáveis, até visualmente. Hoje, se viajo em um avião em que também está uma mulher, não se verá claramente que sou o controlador da empresa e ela é a operadora de caixa.

A complementariedade requer uma aproximação entre as pessoas. Não há mais a figura dominante do detentor do poder. É isso?

Felizmente, as disparidades se reduziram de maneira significativa. É o que temos de nos dar conta. Esse exercício de humildade não é muito fácil, porque o antagonismo ficou demasiadamente arraigado na nossa cultura. Mas todos os conhecimentos precisam ser cada vez mais valorizados. Há um amigo, concessionário de automóvel, que tem uma irmã, pós-doutora em Direito Constitucional, que, segundo ele, não sabe o que é uma fechadura de porta. Cada um resolve determinada questão. Você é jornalista, conhece comunicação. Eu conheço calçada, gôndola, capacitação da pessoa, sob a dimensão motivacional. Há muitos que não têm a ambição de serem os donos de uma empresa. Querem ser o CEO (chief executive officer, o diretor-executivo).

Ou seja: o espírito da época é se associar. E o que precisa, então, para que o associativismo da representação empresarial evolua?

O que atrapalha o associativismo empresarial, em uma expressiva parcela das entidades, são a vaidade e o ciúme. Faz parte do legado cultural, que precisa evoluir para outra dimensão. Há um potencial enorme para as entidades de livre adesão. Com o fim da contribuição sindical compulsória, que decorreu da reforma trabalhista, abre-se um grande espaço, porque o Sistema S vai ter que mostrar serviço (o sistema S compreende os serviços sociais e de aprendizagem ligados às confederações nacionais da esfera sindical, como as da indústria, agricultura, comércio, transportes). Terá de competir com as entidades de filiação voluntária. O associativismo empresarial precisa, também, trabalhar com planejamentos estratégicos metrificados, bem traçados, definindo-se metas e centros de atividades distribuídos entre os seus dirigentes, acabando-se com esse costume generalizado de todo mundo cuidar de tudo, sem foco. E, aí, novamente, vamos à complementariedade. Um tem de compreender o outro. E o que se coloca diante das associações é o mesmo desafio que está posto para as empresas brasileiras, em face das transformações sociais deste milênio: comunicar-se para dentro e para fora, aos associados, à sociedade, à classe política, ao mundo oficial.

Quer dizer: entramos na era da transparência.

Se não for assim, já não funciona mais, de jeito nenhum. Isso quer dizer que o processo tem que ser justo. As relações transparentes passaram a ter muito mais possibilidade de funcionar bem. É uma nova lógica. Se o empresário quiser tirar proveito do trabalhador, não funciona. Tem que ser justo. Tirar uma lasquinha do ganho do outro é um resquício que remonta à escravidão. A empresa e o empresário moderno são aqueles que sentem o outro, que escutam. Temos de nos comunicar mais pela escuta do que pela fala. Nós, latinos, somos muito orais. Eu mesmo sou muito oral. Estou trabalhando isso, com um “coach” (orientador), tentando aprender a dar as respostas do avô, e não a do pai. A resposta do pai ao filho que pergunta quanto são dois mais dois é: “quatro”. O avô devolve a pergunta: “quanto você acha que é?”. E convida o neto a um exercício conjunto: “vamos ver aqui”.

O que é necessário para que o empresário chegue a esse nível de compreensão sobre o ambiente de agora?

O empresário brasileiro lê pouco. É muito preguiçoso para ler. E, assim, fica ainda mais distante da realidade do mundo em que vivemos. Ele olha o outro, sim, mas geralmente para copiar. Olha os americanos, mas para copiar. A sua tentativa de imitar o que vê nos Estados Unidos é muito forte. E nisso há um achismo acentuado, que ocorre mais no setor de comércio e serviços do que na área industrial, em que está habituada a trabalhar pelo menos com um pequeno plano. Está despontando uma nova geração com uma cabeça mais aberta, que se comunica melhor. Só o domínio das ferramentas, dos processos e dos produtos não basta. É preciso que também se privilegie a educação formal e a comunicação.

A educação é o principal caminho das mudanças. Junto com ela, a comunicação, o conhecimento compartilhado.

“É por aí, pela educação”, me disse, recentemente, o doutor Raul Henry, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de Pernambuco. Ele é um reconhecido estudioso da área da educação. Sem a educação, tudo se estreita. Na nossa conversa, se falava disso. Ele dizia, por exemplo, que não percebemos o grande número de empresários, pelo mundo afora, desejosos de investir no Nordeste, e, é claro, nas demais regiões do país. Temos de atualizar as nossas legislações aos tempos de hoje. E precisamos nos inserir nos movimentos globais. Não é ficando fora da educação, da comunicação e do mundo que vamos resolver o nosso problema de renda e emprego. Há notícias de uma melhora no nível de emprego. E isso é devagar. São 13 milhões de desempregados. Isso não vai ser zerado com uma só tacada, de uma só vez. Precisamos criar no nosso país as bases para um desenvolvimento socioeconômico contínuo e sustentável.
Sua fala sobre a educação corresponde a sua biografia, não é mesmo? Isso porque sua formação universitária compreende três áreas convergentes: as de administrador de empresas, de bacharel em Direito e de psicólogo.

O professor Antônio Batista, da Fundação Dom Cabral, me disse assim: “Honório, você é fruto da transformação pela educação”. Ou seja: o fato de estudar foi me oportunizando. Toda a minha família era muito pobre. Meu pai e minha mãe, que era professora primária, determinaram que a gente tinha de estudar. A minha mãe me alfabetizou. O homem é produto do meio. Os meus pais já enxergavam, há cinco décadas, que a educação era o caminho. E essa convicção deles é uma verdade que se sobressai cada vez mais nos dias de hoje. O fato de se ter um desafio diante de nós também nos transforma. Desde menino eu assumi um propósito: preciso estudar para melhorar a vida dos meus pais. Penso que os jovens de agora falham nisso. Estão com menos propósitos, movido por uma reflexão, como a de que “vou entender isso aqui, porque quero chegar a tal objetivo”. Eu nunca fui um aluno nota 10, até porque trabalhava e estudava. Mas era um aluno, digamos, nota 7. Eu fiz, primeiramente, o curso de Administração, porque me dava uma visão panorâmica, de helicóptero. Depois, fiz o Direito e a Psicologia. Todos os cursos na área de humanas, atendendo a meu viés, sempre voltado para gente, para a sociedade.

Com as suas atividades intensas, consegue achar tempo para a leitura?

Adoro livros. Tenho uma biblioteca bem razoável. Não sou do livro digital. Gosto do papel, e aí sou analógico. Há sempre um livro viajando comigo. Me sinto bem aprendendo, conhecendo, conversando com quem conhece, estudando. Isso vem também de um propósito. Sou um camarada do povo. E, por isso, carrego em mim uma inquietude de transformar positivamente as pessoas e os ambientes em que elas vivem.

A transformação das pessoas e da sociedade é, também, uma função da empresa, do ponto de vista da ciência administrativa.

A gente se utiliza da figura do triângulo da arquitetura corporativa como um instrumento de gestão. No vértice do triângulo, estão a missão e os valores da empresa, com suas estratégias atual e futura. E, logo a seguir, a arquitetura corporativa, que tem, de um lado, o domínio de produtos e processos, e, do outro lado, a cultura, isto é, a liderança, as pessoas e a tecnologia da informação. O que se constata, rotineiramente, é que se trabalham muito bem os produtos e processos. Mas a cultura é um desafio muito maior, é mais difícil. Quando se consegue mudar a cultura, a empresa evolui. E ajuda a sociedade a evoluir, o que, por sua vez, muda as pessoas, que resultam do meio em que vivem. Esses são princípios que a gente incorporou a partir de casa, em uma família muito pobre, mas muito pobre mesmo, como eu já disse, mas que via na educação uma alavanca de transformação pessoal. É sobre os princípios, acumulados desde a infância, que colocamos o conhecimento, a ciência administrativa, o planejamento estratégico, fugindo sempre do achismo. A empresa expressa uma maneira de a gente ver o mundo.

O posicionamento do Pinheiro Supermercado é explicitamente comunitário, inclusive funcionando como ponto de encontro e de convívio das populações locais.
A nossa estratégia sempre foi, fundamentalmente, a de trabalhar com o vizinho. É este o nosso slogan: “Pinheiro Supermercado, o bom vizinho”. O slogan diz do que a gente acredita e procura praticar. O bem servir está na essência da atividade do varejo. Para isso, é preciso ouvir o cliente, sabendo o que ele quer. É preciso também escutar o funcionário. Se você ouvir o cliente e o funcionário, você acerta em quase tudo. É uma humildade que não é fácil de ser praticada, sobretudo em face da nossa cultura, do histórico colonial. Devemos sempre ter a consciência de que não somos detentores de todos os saberes. Ninguém é. Temos de viver em um aprendizado permanente.

Esse conjunto de princípios acabou impulsionando um salto inovador com a loja de Sobral, inaugurada em 2002, que faz parte de um centro comercial, aberto para a rua. Sobral nos forneceu um valioso aprendizado, sob a dimensão da loja de vizinhança. Hoje, os quatro supermercados do interior têm cinema, e estão integrados a um centro comercial, um “mall”, com farmácia, restaurante, parque infantil. Em Sobral, o centro comercial, ancorado no supermercado, tem três cinemas, com 110 lugares em cada sala, dotadas de som Dolby, projetadas por um arquiteto especializado, vindo de São Paulo, porque no Ceará não havia profissional com experiência nessa área. Os cinemas apresentam a programação do mesmo circuito comercial que roda, simultaneamente, nas médias e grandes cidades do país. E, além das exibições normais, mantemos há nove anos um programa de formação de plateias de estudantes, das escolas de todas as cidades: Sobral, Aracati, Limoeiro do Norte e Quixadá. Fazemos um convênio com a prefeitura, que fornece o transporte dos estudantes. Servimos lanches às meninas e aos meninos, que têm idade variando entre os sete e os 14 anos. Já levamos, até este ano, 204 mil estudantes.

Há uma seleção de filmes, especialmente dirigida aos estudantes?

São filmes nacionais, com uma ponte pedagógica nas escolas, sob a curadoria da professora e jornalista Bete Jaguaribe, em um programa social denominado “A escola vai ao cinema”. Há também a capacitação de professores. Fornecemos um kit, em que se incluem papel e cera, para as crianças fazerem filmes de animação nas escolas, com o seu celularzinho. Ao longo dos nove anos, cinco filmes das crianças já foram indicados no Festival Internacional de Animação do Brasil, o Anima Mundi.

Vivemos a era do “apocalipse do varejo”, com as lojas de rua perdendo clientes para os compradores online. Para manter as cidades vivas, urbanistas do Hemisfério Norte trabalham alternativas para que as lojas de rua contenham atrativos do convívio. O seu movimento, no Nordeste, antecipou em 15 anos esse fenômeno mundial.

O que a gente faz não é resultado de uma circunstância eventual, de uma moda. Resulta de princípios, de valores. Sempre enxergamos o comércio como uma vivência que deve remeter a bons momentos. Nós, do varejo, temos de ser um destino que complete as pessoas. E a completude do ser humano está intimamente ligada à sua história de vida, à sua família, aos seus vizinhos e amigos. O varejo é movido pelo prazer de servir. Posso não ser tão simpático, porque a vida não deixou ser, mas gosto de servir. Muito mesmo. E para servir é preciso escutar o desejo do outro. O que às vezes queremos é que respondam ao que trazemos dentro de nossas memórias afetivas. Por isso, temos de dar espaço para que as pessoas falem. E que a gente escute. E, depois, que estejamos dispostos a resolver a questão juntos, do jeito do avô, e não do jeito do pai. Fui à França, recentemente, e saí com um amigo que é um apreciador de vinhos. Pois, então, chegando à adega, ele comprou um vinho datado do ano aniversário do filho, comprou outro com a data do seu casamento. Nós, do varejo, temos que ser acolhedores, sendo um bom destino. Esta é a essência dos nossos valores.

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