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CEO e cofundadora da Benkyou, empresa que visa desenvolver a carreira de profissionais de vendas e especialistas em produtos e serviços, Eva Lazarin destrincha os principais elementos dessa inovação e desmistifica temores relacionados a ela

"Para se viabilizar o metaverso, é preciso infraestrutura", afirma Eva. Foto: Divulgação

O constante avanço da tecnologia tem derrubado barreiras cada vez mais improváveis. Desde a internet, que já não é mais uma novidade, outras revoluções tecnológicas têm conquistado espaço e se incorporado ao nosso cotidiano.

A nova promessa da atualidade é o metaverso, um universo online totalmente imersivo, capaz de redefinir a fronteira entre a realidade e o meio virtual.

Para a especialista em tecnologia e gestão Eva Lazarin, o metaverso e suas aplicações estão mais próximos do que se imagina. "Empresas já estão se apropriando desse universo para desenvolver o relacionamento com o cliente", conta.

Este marco, que está em desenvolvimento em termos de infraestrutura, trará possibilidades quase ilimitadas. A expectativa é que se adeque à rotina das empresas e das pessoas comuns, mas sem deixar de surpreender.

Em entrevista ao podcast O Café e a Conta, Eva caracteriza a forma como o metaverso será adaptado ao contexto dos bares e restaurantes e esclarece dúvidas sobre o processo de avanço dessa nova tecnologia.

O que é e quando surgiu o metaverso?

O metaverso já existe há algumas décadas. Ele não é novo, porém acaba sendo impulsionado pela tecnologia, infraestrutura e pela internet, que fica mais fluída. Trata-se de um mundo imersivo que traz soluções e experiências tridimensionais.

É uma forma de se levar a realidade para o mundo virtual ou de criar um mundo novo?

Não obrigatoriamente será uma réplica da realidade, mas, na prática, associando ao comércio, um dono de restaurante vai ter a possibilidade, por exemplo, de mostrar como é o ambiente tridimensional do seu estabelecimento e o cliente poderá escolher reservar uma mesa.

Algumas marcas como Audi, Burger King e Mc Donald’s já estão se apropriando desse universo para desenvolver o relacionamento com o cliente. Alguns dizem que é uma nova internet. Para mim, particularmente, é mais uma forma com que iremos conseguir nos integrar com o desenvolvimento das tecnologias que vêm.

O conceito vai se ampliar e atingir a todos, assim como a internet. Chegou para nós há tempos. Ele está no comecinho, despertando curiosidade, e deve acelerar cada vez mais. Antes, a tecnologia demorava para ser absorvida e chegar ao mercado. Sendo cara, não chegava no Brasil. Hoje isso já não é real, o tempo de implementação é muito curto.

Essas novas tecnologias oriundas da internet permeiam e irão permear nossa vida e a forma de se fazer negócios de um jeito muito maior do que imaginamos. Muito se escuta sobre metaverso, 5G, internet das coisas. Como tudo isso está interligado e como vai se integrar ao nosso dia a dia, permeando, por exemplo, o empreender na gestão de um pequeno negócio?

Para se viabilizar o metaverso, é preciso infraestrutura. Somente para quem tem um computador muito forte, o celular muito avançado, uma conexão dedicada e fluída, ele se torna eficiente.

Quando se fala em massa, é necessário viabilizar essa infraestrutura, que começa a melhorar. O 5G é um marco, mas antes dele o 3G foi um marco. O 5G vem e proporciona mais. Mas não basta apenas a internet 5G, também há a nuvem, a telefonia, o armazenamento e todo o conjunto que que permite que essa tecnologia esteja no nosso dia a dia.

O metaverso se desenvolve em camadas, e uma delas está relacionada à interação. Uma grande maioria das pessoas faz uma ligação entre ele e óculos de realidade aumentada, mas há outros dispositivos que permitem que se faça uma imersão no mundo virtual.

Existem estudos com pele, tecido, para reproduzir a sensação de dor, outros para reproduzir cheiro. Muita coisa está sendo produzida para você poder ter essa experiência. Então, a outra camada que vai fazer com que o metaverso se torne cada vez mais aderente é o dispositivo.

É uma combinação entre o design, a propaganda, o marketing, as conexões, os softwares.

Como eu pego uma mesa do meu restaurante e jogo para o metaverso? Alguém tem que redesenhar essa mesa no mundo virtual. Então, todas essas camadas de produção, de conexão, vão acontecer como é na nossa internet hoje, em que você tem um site onde pode colocar a foto do seu restaurante. Mesmo não estando em 3D, ela vai estar lá. Nesse sentido, o metaverso irá trazer uma profundidade, uma noção de espaço.

A presença digital, cada vez mais forte, faz com que você dialogue mais e entenda também o comportamento dos consumidores. Esse relacionamento também será potencializado com barreiras sendo derrubadas? Havendo uma tecnologia para sentir a textura e talvez o cheiro, a distância já não é mais uma barreira. Por exemplo, o cliente, estando agora em Belo Horizonte, pode entrar em contato com um restaurante no Rio de Janeiro por meio do metaverso, se familiarizar com o ambiente e escolher se irá ou não quando estiver fisicamente no Rio?

Isso já está bem dentro do que é possível fazer. Na Gouvêa Food Service, por exemplo, desenhamos um restaurante que está sendo aplicado para ensinar o corpo de pessoas que trabalham no estabelecimento. Não só há como entrar no restaurante, mas dentro do fogão. No metaverso, tudo é possível. Entra-se dentro do fogão, dos dispositivos, tudo em formato 3D.

Você vai poder fazer a reserva falando com a uma pessoa virtual ou não, que vai estar ali, e vocês se encontrarão no metaverso conversando sobre a mesa. Se o cliente desejar reservar uma mesa de frente para a janela, você poderá reproduzir esse ambiente de forma que ele consiga abri-la.

Existem tecnologias que permitem isso de uma forma plana, em 360 graus, mas o metaverso irá oferecer algumas outras sensações. O formato tridimensional é muito mais imersivo do que qualquer outra tecnologia que você possa ter.

Porém existe um misticismo sobre o tema, “agora ninguém vai se falar, ou se encontrar, isso vai fazer com que as pessoas não se aproximem e não tenham contato. ” Trabalho há 30 anos na área de tecnologia e sempre a vi ser um pouco repelida, porque a mudança incomoda todo mundo.

Ainda assim ela vai trazer muitos benefícios. Empresas de outros segmentos vão começar a aplicar o metaverso no seu mundo digital, então o usuário já vai estar acostumado com isso. A escola está levando isso para dentro da sala de aula. A geração nova, abaixo de 18 anos, não tem o menor pudor com relação à tecnologia, não tem restrição. Esse será, na verdade, o maior público do metaverso.

Então, pensar no público jovem, que vai estar no seu restaurante daqui a três anos, te faz repensar a forma como você vai se relacionar com o cliente no metaverso. Eu aconselharia a dar o primeiro passo visualizando como isso está sendo usado hoje.

Ainda não há uma conexão direta com o sistema produtivo ou com a moeda, mas vai haver uma conexão com bancos, com dinheiro. É uma realidade que que ainda vai se transformar muito, mas que está entrando pela nossa porta. Ela vai se fechar nos protocolos técnicos que estamos criando e fazer o momento nerd, o momento geek.

Surge, então, a necessidade de uma nova infraestrutura em todas as camadas. Atualmente estamos vivenciando a web 2.0, que foi composta por algumas dezenas de empresas, enquanto a web 3.0 está sendo construída por mais pessoas e mais empresas.

O custo dessas inovações vai ser voltado para os grandes empresários ou vai permear de forma democrática alcançando até os pequenos?

Não vai ser muito barato em termos de investimento na infraestrutura para os grandes grupos, os pioneiros desbravadores que vão levantar as tecnologias. Mas quanto ao consumidor na ponta, a minha visão é que para ele seja muito parecido com o que a internet é hoje. Você tem um custo para criar o seu site e você tem um custo para você criar espaço para ter essa tecnologia e assim crescer no mundo.

A chance de veicular moeda, dinheiro, de ter uma economia circular dentro do metaverso, é algo que ele viabiliza, porque não se trata só da experiência tridimensional, ele permite o trânsito de moedas e criptomoedas.

Estamos acompanhando bem de perto essa questão financeira. Se você quiser ter algum plano premium dentro da camada que já existe hoje, terá que fazer investimentos. Alguns você pode ter de forma gratuita na sua larga escala, isto é, que já tenha sido financiado por alguma empresa.

Tudo isso ainda está em construção. Temos o exemplo do Zuckerberg, que faz parte dessas centenas de empresas que estão construindo a web 3.0. Antes dele fazer o lançamento, o assunto era praticamente próximo do zero, circulando na internet das pessoas comuns. Até o uso do termo é relativamente novo para muitos de nós.

E o que acontece no instante em que ele faz esse barulho? Começam a surgir novos nomes como Fortnite e Roblox, em que você tem o seu avatar e pode construir mundos. São voltados para uma jogabilidade no mundo infantil, então parece uma brincadeira, mas é um prelúdio da geração que já está desfrutando dessa experiência, para experiências mais avançadas, mais para o mundo real.

É uma fidelização de um público que já nasceu digital e será o consumidor em algum momento. Porém isso não significa necessariamente que a nossa proximidade enquanto humanos será eliminada.

A minha aposta é essa, eu vejo a tecnologia só aproximar as pessoas. Hoje você viaja e, com o telefone celular, já está digitalmente com a família inteira. Você está mais próximo do que estaria 30 anos atrás. Então, isso existe.

Hoje você pode estar com uma pessoa, olhando para o celular, sem prestar atenção nela. Mas isso você faria com livros, ou de outras formas, se você tiver algum objeto de distração.

Mas, no geral, acho que vai haver mais conexão com os ambientes, vai ser despertada a vontade de querer vivenciar isso na vida real. A geração nova, que está abaixo dos 18 anos, também quer experimentar. Isso vai fazer com que eles se movimentem mais, até mesmo para encontrar pessoalmente pessoas do mundo virtual. Isso é algo muito peculiar.

Vai haver, inclusive, uma descentralização em setores, por exemplo, em relação ao pessoal que trabalha em escritórios e é aglutinado em empresas, que passa a ser distribuído por bairros em várias cidades, não necessariamente nos centros.

Nem tudo, porém, iremos conseguir descentralizar, mas isso será democrático até mesmo para os bares e restaurantes, que vão poder atuar em vários lugares e de forma mais distribuída e eficiente, o que promete ser uma revolução também.

A minha mensagem final é: leiam, peguem informações sobre o assunto. Não é preciso fazer um investimento hoje, o metaverso naturalmente vai bater à sua porta, e se você tiver informação, pode se apropriar e oportunizar. Dentro dele, há possibilidades que as pessoas nem vislumbram. É um mundo novo, então produtos que não existiam e serviços que não eram prestados poderão ser agregados em todos os segmentos.

Vai ser muito bacana, e eu aconselharia receber essas inovações de braços abertos e com foco no lado positivo, pois todos vão conseguir capturar boas oportunidades.

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