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Em parceria com irmã, cunhado e esposa, Raimundo Dantas deixou o trabalho de garçom e hoje é sócio três restaurantes

Os restaurantes do Grupo Entre Amigos - O Bode, de Recife, são bem conhecidos e conceituados na capital pernambucana. O que muita gente desconhece é a história por trás do sucesso das casas. Há 30 anos, Raimundo Dantas, um dos sócios-proprietários do Grupo, resolveu tentar a vida em Recife. A convite de um de seus dezenove irmãos, deixou a fazenda em que foi criado, na cidade de Picuí, interior da Paraíba, para trabalhar no estado vizinho. Mesmo sem concluir o estudo fundamental e sem experiência no mercado de trabalho formal, em função da dedicação à fazenda do pai, mostrou a que veio. Hoje, junto aos seus sócios e familiares, Joana Darc Farias, Roberto Farias e Najara Dantas, comanda três notórios restaurantes.

Chegou à Recife pouco depois de completar 18 anos, acreditando que iria trabalhar em um restaurante, mas, para sua surpresa, a proposta de trabalho era em uma fábrica de produtos de limpeza, na qual não se adaptou. Com um pouco de sorte e influência do irmão, que já trabalhava como garçom, conseguiu uma vaga no Recanto do Picuí, estabelecimento de um conterrâneo da Paraíba. Foram cinco anos de experiência, três deles como garçom. O dia-a-dia das tarefas em bares e restaurantes era um universo desconhecido para Raimundo, que, vindo de uma pequena cidade, tampouco estava acostumado com estabelecimentos daquele porte, mas com um “olhar de turista” foi acumulando aprendizados em todas as áreas, do salão à cozinha.

Para Raimundo, começar a trabalhar cedo na fazenda contribuiu para sua adaptação no restaurante. “Hoje as funções estão muito delimitadas, mas há 30 anos não era assim. O garçom lavava o salão, os cozinheiros limpavam a cozinha, eu já estava acostumado com algumas tarefas e a responsabilidade do trabalho”, explica.
O início da transição de garçom para empreendedor veio em 1994 com a proposta de venda de uma banca de revista onde, ao lado, funcionava também um pequeno bar aos finais de semana. Instigado pela oportunidade, mas sem capital para financiar toda a operação, acionou uma irmã, que já tinha um empreendimento na Paraíba. “Ele me ligou empolgado, fui conhecer o espaço poucos dias depois com o meu marido. A princípio, não acreditei muito no investimento, mas o Roberto (Farias) não pensou duas vezes”, lembra Joana Darc, mencionando o apoio do marido. “Aí começou toda a história do nosso negócio. Decidimos continuar com a banca, mas explorar o terreno ao lado, que ainda era de chão batido”, complementa Raimundo.

Ele confessa que no começo também ficou inseguro. “Se não desse certo teria que voltar para o interior e eu não queria. Então, não tinha opção senão a dedicação”, lembra o empresário, que ficou pouco mais de um ano morando no espaço até conseguir mudar para um apartamento.

Quibe do sertão

Sucesso em família

Pouco tempo após assumir o estabelecimento, Raimundo se casou com Najara Dantas. Ao lado da irmã e do cunhado, Roberto Farias, os dois tocaram o empreendimento. Para Joana, foram quatro os pilares essenciais para o desenvolvimento do negócio: Raimundo, com a experiência no setor e o zelo com os clientes; ela, com a sua bagagem nos negócios; Najara, responsável pelas finanças; e Roberto, utilizando sua expertise como agrônomo para o controle de qualidade das carnes.

“Trabalhamos 12, 16 horas por dia, sempre pensando em fazer o melhor para o nosso cliente e foi dando certo. Acredito que puxamos essa vontade de empreender do nosso pai, que a vida inteira buscou entender melhor as coisas e tinha esse lado vendedor”, explica o ex-garçom.

Além do ponto privilegiado, a introdução da carne de bode como carro-chefe no cardápio foi um grande propulsor para o bar. A ideia veio de Roberto, que era especialista em caprinos e, ao analisar o comércio local, percebeu que esse produto não era explorado pelos concorrentes. A princípio, os sócios acharam arriscado, já que essa carne, que hoje é insumo de sofisticados pratos, ainda era vista com preconceito pelos recifenses, como “comida de interior”. Com a iguaria aprovada pelos antigos e novos clientes, o sucesso foi tanto que o animal foi homenageado no nome e logomarca do estabelecimento. E assim, o “Entre Amigos” – batizado dessa forma pelos primeiros frequentadores – além de novo rumo, um mix entre bar e restaurante, ganhou também um novo nome: “Entre Amigos - O Bode”.

Expansão sem perder o ponto

Contrariando estimativas do IBGE divulgadas em 2017, que apontam que mais de 50% das empresas brasileiras fecham as portas nos primeiros cinco anos, o Entre Amigos não só sobreviveu como se tornou um grupo, após a abertura de mais duas casas, em 2003 e 2013. “No começo, nós mesmos fazíamos tudo, depois contratamos uma assessoria. Hoje somos 350 colaboradores e as casas têm espaço para 520 clientes, em média”, comenta orgulhoso, Raimundo. E o negócio já está passando para a próxima geração. Hoje, Suellen e Eduardo Farias, filhos de Joana, estão à frente de uma das casas.

Os anos como garçom fizeram com que Raimundo reconhecesse a importância do diálogo constante com funcionários e consumidores. “O cliente tem uma proximidade muito grande com os garçons, fazem reclamações e dão feedbacks importantes. Muitas vezes, os funcionários podem ajudar no crescimento da empresa se soubermos ouvi-los e isso contribuiu bastante para fidelizar a clientela”, defende. Para ele, a atenção com o mercado e a constante atualização dos restaurantes, seja na infraestrutura ou em um serviço, complementa os motivos que mantêm o grupo bem-sucedido.

“Estou muito orgulhoso de onde chegamos e pela equipe que a gente tem”, resume. E para quem quer empreender, ele deixa um recado: “Quando você quer, tem um objetivo na vida, indo atrás, você consegue. Tem que abrir mão de muitas coisas, mas com foco, dedicação e compromisso as coisas acontecem”, finaliza.

Serviço:
Grupo Entre Amigos – O Bode
www.entreamigosobode.com.br

*Reportagem originalmente publicada na edição 123 da revista Bares & Restaurantes

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