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Texto Valerio Fabris, com base na narrativa de Paulo Solmucci

Foto: Divulgação

A Abrasel surgiu no cenário brasileiro, em 1986, como um grande bloco de mármore que deveria ser esculpido até que se encontrasse a sua essência. Pode-se estabelecer aí um imaginário paralelo entre o novo ciclo OMNI e a jornada de toda uma vida do escultor e pintor e arquiteto renascentista, Michelangelo Buonarotti. Em 1501, o artista de Florença recebeu a missão de esculpir enorme bloco maciço de mármore. Durante três anos, trabalhou na busca do essencial.

Em uma obstinada e dura escavação, utilizando como instrumentos o martelo e o cinzel, acabou encontrando-se com David. Há cinco séculos, a obra David tornou-se uma das esculturas mais visitadas e admiradas do mundo. Quando recebeu o bloco de mármore de cinco toneladas, com cinco metros de altura e dois de largura, Michelangelo enxergou David dentro da pedra. O personagem David, ao mesmo tempo judaico e cristão, acabou descortinando-se aos olhos e ao coração da humanidade.

Em 1504, lá estava David na praça mais importante de Florença, a Piazza dela Signoria. Ao explicar para os deslumbrados admiradores da obra como é que conseguiu esculpir um personagem tão humano, Michelangelo dizia: “Apenas tirei do mármore tudo o que não era David”. É o que a Abrasel tem feito há 35 anos. Vem tirando de dentro do bloco maciço de mármore que tem as dimensões continentais do Brasil tudo o que não é a mistura humana plural, a mescla de fato heterogênea, híbrida, sincrética.

Com cinzéis e martelos (como poderiam ser hipoteticamente apelidados os três consecutivos ciclos estratégicos plurianuais da entidade), os gestores dessa empreitada vêm encontrando a Abrasel de corpo inteiro, entranhada no miolo da pedra. A compleição física, intelectual e psíquica da emergente organização ia gradualmente se revelando por inteiro a partir dos três planos estratégicos realizados a partir dos anos 2001, 2011 e 2016. É chegado o momento de, com martelos e cinzéis, se burilar os mínimos detalhes da expressão facial da Abrasel, acentuando-se o brilho dos seus olhos, os contornos dos seus ouvidos e a expressão labial de sua fala.

O escultor Michelangelo enxergou David no miolo do grande maciço de mármore porque se identificava com os valores dele. O escultor renascentista era um valente e incansável empreendedor, com elevada sensibilidade social. Ainda jovem, David derrotou o gigante Golias e uniu seu povo, que antes se dividia em doze tribos identitárias.

A acentuada empatia de Michelangelo, fez com que ele enxergasse dentro das pedras e, a seguir os libertasse, uma ampla mescla de personagens. Ele esculpiu pelo menos cinco dezenas de estátuas tão célebres quanto a de David. Por exemplo, as da Pietà, do Escravo Rebelde, de Moisés. Há uma série de registros históricos sobre Michelangelo, graças, sobretudo, ao testemunho de personagens como Giorgi Vasari (que foi seu amigo/biógrafo, e, também, pintor e arquiteto).

Vasari chegou a qualificar Michelangelo como um fenômeno ‘divino’. O biógrafo escreveu que, ao finalizar Moisés, de tão extasiado com a obra que acabara de realizar, o escultor bateu com o martelo no joelho da estátua, dizendo: “Parla, Mosè! Perché non parli?”. Michelangelo descobriu Moisés do mesmo jeito que encontrou David. Ou seja, tirando do mármore tudo o que não fosse o essencial, até alcançar o cerne humanista de cada um desses libertos e singulares personagens que irradiam vida.

“Fala, Moisés! Por que não fala?”. É uma cena que, comparativamente, espelha a razão de ser do OMNI, a jornada em busca do que é radicalmente essencial. Este novo ciclo estratégico atinge o âmago, o cerne, o propósito existencial da entidade fundada há 35 anos, que passa a ser, de agora em diante, mais que a interlocutora de todo o setor que representa. Torna-se a ouvinte e parceira das questões de cada um, em tempo integral. É o novo tempo dos sonhos compartilhados. “Parla, Abrasel”.

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