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Por Percival Maricato

A adoção do horário de verão e o seu significado pairam acima de uma série de convenções comuns explicitadas por autoridades públicas e os comentários sobre seus efeitos biológicos no corpo humano, tão explorado pela imprensa.

Após a crise do apagão elétrico do início deste século, este recurso – regular em nações do hemisfério Norte – propiciou algo muito mais relevante do que a economia de MW desejada em face da ausência de investimentos para suprir a demanda da sociedade por energia elétrica.

Engajou a todos no propósito de ampliar o uso de recursos naturais – como a claridade solar – em nosso favor, a exemplo de países como Canadá ou Rússia, que habilmente manejam estas fontes a favor de uma melhor convivência social.

Respeitando-se as situações específicas de cada região, o horário de verão é instrumento fundamental para cuidar da demanda excessiva de forma que, em conjunto com outras medidas que incentivem a economia, gerem benefícios a todos os envolvidos.

Como liderança empresarial também do setor de serviços, apoio a medida.

O seu descontinuamento há dois anos foi, infelizmente, fundamentado por argumentos políticos ao invés de técnicos. Uma pena.

Pior, é constatar que governos de todas as matizes passaram pelo centro do poder sem adotar medidas estruturais que impedissem o ambiente assustador que vivemos agora. Simplesmente, não há garantia de entrega de energia elétrica – independente de preço – para todos.

O que o Amapá tem enfrentado é piloto da ameaça que pode se concretizar a qualquer momento.

A sociedade, as pessoas, as empresas, estão fragilizadas e um apagão seria mais um peso a se somar aos gerados pela pandemia e pela instabilidade política que a todos preocupa. As pequenas empresas, especialmente, as de comércio, turismo e atividades culturais, foram as mais atingidas pela pandemia e têm muito a ganhar com maior duração do dia, como acontece no horário de verão.

Dos que têm muito a ganhar, estão os bares e restaurantes que sobreviveram à pandemia. Estão todos fragilizados, mais de 90% bastante endividados, com dificuldades de pagar suas contas e retomar plenamente as atividades.

Certamente, o horário de verão seria de uma grande ajuda para esse setor, vez que com a claridade e a perspectiva de todos estarmos vacinados, as pessoas se sentem mais à vontade e mais seguras para dar umas voltas, ter um tempo de descontração, de alegria, reforçar amizades ou travar novos conhecimentos, socializar-se, jogar conversa fora, quem sabe até tomar um chope, atividades propiciadas de forma insuperável pelos bares e restaurantes, principalmente, com os que têm mesas nas calçadas, possibilidade que deve ser estimulada em todas as cidades.

A Abrasel está fazendo campanha de divulgação do happy hour (estabelecimentos que oferece descontos em abraselsp), e pelo retorno ao uso de mesas nas calçadas e até na parte do leito da rua usada para estacionar veículos, a que fica em frente aos estabelecimentos.

Saem máquinas, entra gente, seres humanos, a cara da cidade muda. É só perguntar a quem foi a Paris, Barcelona, Florença e tantas outras cidades voltadas para o ser humano e não para automóveis.

Também sair para jantar é mais agradável com horário de verão, quando a luz do sol dura bem mais que no horário comum. As pessoas têm mais disposição e segurança, os estabelecimentos ficam mais acessíveis.

A maior atividade econômica nesse horário de luz, certamente, se refletirá em outros setores como taxistas, postos de gasolina, shoppings, diversos outros, gerando emprego, PIB, serviços, tributos, mas, principalmente, mais movimento, vida, humanidade e alegria à cidade.

São motivos mais que suficientes para fazer as autoridades repensarem a volta do horário de verão. Afinal, há muito a ganhar e nada ou muito pouco a perder.

*Percival Maricato é Advogado e Conselheiro da Abrasel em São Paulo.

Fonte: Rota Jurídica

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