Comerciantes estimam queda de movimento de até 10% em relação ao ano passado; happy hour deve ser período mais prejudicado
Com o fim do horário de verão, o setor de alimentação fora do lar em São Paulo estima uma queda no movimento de até 10%, em relação ao mesmo período do ano passado. A mudança nos relógios teria ocorrido no último fim de semana, mas foi cancelada pelo governo.
No começo do ano, os comerciantes até tentaram alertar os parlamentares sobre o impacto negativo que a mudança no horário traria para o setor. É que os clientes tendem a ficar mais tempo nos estabelecimentos durante o verão. Além de a temperatura favorecer o aumento do consumo nos bares, com os dias mais longos, as pessoas se sentem mais seguras para ficar até mais tarde na rua.
"Há um impacto que não é pequeno e o fim do horário de verão vai acabar atrapalhando no faturamento, sim", diz o presidente da Abrasel em SP, Percival Maricato. "O comerciante já precisa se preocupar com impostos, taxas da prefeitura. Qualquer perda de movimento faz toda a diferença." Ainda em abril, o presidente Jair Bolsonaro assinou o decreto que revogava o horário de verão, instituído pela primeira vez ainda no governo de Getúlio Vargas.
Para Tony Reis, gerente de um bar na zona sul de São Paulo, o impacto maior vai ser percebido pelos comerciantes que mais dependem do happy hour — aquele período do dia, depois do fim do expediente, em que os colegas de trabalho se reúnem nos bares para confraternizar. "Quando as pessoas saem do trabalho e veem que ainda está claro, elas se empolgam e param no bar ou no restaurante, é um tipo de cliente importante para nós. O fim do horário de verão pegou todo mundo de surpresa. Aqui no bar, a gente espera uma queda de movimento de 15% nos fins de tarde. Acredito que o governo acabou olhando muito para o impacto no consumo de energia e menos para o comércio", diz.
Segundo Maricato, os donos dos estabelecimentos entendem que o governo precisa considerar os estudos de impacto na economia de energia elétrica. "Ainda assim, vamos manter a campanha que sempre fazemos a favor do happy hour."
Fonte: Terra