Nos últimos dias, a Abrasel tem acompanhado bares e restaurantes se posicionando contra a guerra entre Rússia e Ucrânia. O setor pode e deve se opor à barbárie, mas sendo sempre muito cauteloso para não fomentar mais ódio.
Algumas ações estão se espalhando pelos estabelecimentos mundo afora, que têm anunciado que não servirão mais pratos ou bebidas ligados à gastronomia russa, como estrogonofe, e até mesmo mudando o nome de drinks clássicos – o Moscow Mule virou Kiev Mule em algumas casas.
Por mais bem-intencionadas que sejam, para a Abrasel essas ações não ajudam de maneira prática quem mais sofre com o conflito e, ainda pior, acabam gerando uma mensagem confusa sobre a cultura e o povo russo, que estão sofrendo ataques em vários países. O resultado é nocivo, pois fomenta ódio a um povo (xenofobia).
Há relatos de russos que vivem no Brasil há anos e que passaram a ser ameaçados pelas redes sociais, com mensagens de ódio que, entre outras coisas, deixam claro que não são mais bem-vindos por aqui.
“Isso é inaceitável. Sempre fomos reconhecidos por nossa hospitalidade e pelo bom relacionamento com todos os povos. Os bares e restaurantes são ambientes democráticos e nunca palco para o preconceito, seja qual for. Jamais deveríamos incentivar o cancelamento de um povo ou de uma cultura”, analisa o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.
“Seria muito melhor e mais produtivo se os bares e restaurantes que desejem ajudar de alguma forma, apoiassem campanhas que levam ajuda humanitária ao povo ucraniano. Eles podem, por exemplo, lançar um drink chamado Kiev e a cada venda, uma parte do valor seria destinada para ajuda humanitária”, sugere Solmucci.