Andressa Cabral, Lia Quinderé, Lídia Nasser e Tereza Paim falam sobre os caminhos para superar as dificuldades e das a volta por cima nos negócios
Andressa Cabral, sócia e head chef do Meza Bar - Rio de Janeiro
“Acredito na felicidade como alavanca de produtividade”. Foi com essa frase que a sócia e head chef do Meza Bar, Andressa Cabral, começou a falar com paixão de uma das crenças que a move: pessoas felizes produzem mais e melhor. O conceito que ela traz para a gestão do seu negócio, no Rio de Janeiro, também move outras três grandes empresárias do setor: a chef da Sucré Patisserie, em Fortaleza, Lia Quinderé; a chef e proprietária do Empório Árabe, em Brasília, Lídia Nasser; e a chef executiva da Casa de Tereza, ícone de Salvador, Tereza Paim. As quatro se encontraram na tarde desta sexta-feira (28) no 32º Congresso Nacional Abrasel para dividir os caminhos trilhados no enfrentamento à pandemia e falar sobre o que as motiva a “seguir pedalando”, nas palavras de Lídia.
À frente de casas com propostas diferentes, de tamanhos diferentes, em cidades diferentes, mas com muita coisa em comum: as quatro ressaltaram a importância das equipes para os negócios – não só nos momentos de crise. “As pessoas criam expectativas de que quando vamos falar de gestão e de pessoas, esses dois aspectos não possam caminhar juntos”, disse Andressa Cabral.
Lia Quinderé, chef da Sucré Patisserie - Fortaleza
Na pandemia, o cuidado com as pessoas se fez ainda mais presente e se mostrou uma via de mão dupla. Todas relataram que no processo de reinvenção – fechar o salão, investir no delivery, reformar a casa ou mesmo reinventar todo o negócio, as equipes mergulharam junto, de corpo e alma. “Aqui teve sub-chef que virou pedreiro, gerente que foi atender telefone, todo mundo envolvido”, comentou Tereza. Para Lia, essa entrega tem a ver com a relação de confiança estabelecida entre os empreendedores e as equipes. “Temos uma relação de confiança, de colaboração, de formação, internamente, com nossos colaboradores, para que as pessoas possam compreender o propósito do trabalho, que a vida não é só pagar conta, a gente precisa ser feliz e estar bem, porque passamos mais tempo no trabalho do que em casa”, comentou a chef do Sucré Patisserie.
Na caminhada, nem tudo são flores. “Tem dias que a gente se arrasta, chora. É muita família que depende de você, eles acreditam na gente. Na hora que você é consolado por alguém que trabalha com você e que diz ‘ei, vai passar, bora’ é muito gratificante. A pandemia veio e está sendo algo que está ensinando demais, mostrando quem está do nosso lado e como vamos superar”, avaliou Lídia. Essa responsabilidade com as equipes foi um dos fatores mais comentado pelas quatro. “Não consiga dormir no início da pandemia, fechava os olhos e imaginava os filhos dos meus funcionários e conheço eles pelos nomes. E você sabe que a conta não vai fechar, financeiramente, e sabe que aquela família seria impactada”, relatou Andressa. Tereza contou que precisou realizar demissões, mas a transparência com a equipe ajudou o processo a ser menos doloroso. “É muito difícil mandar alguém embora, quando toda equipe é muito competente. O funcionário com menos tempo de casa está comigo a três anos”, afirmou.
Lídia Nasser, chef e proprietária do Empório Árabe - Brasília
“Uma das coisas mais difíceis que encontrei no início da pandemia foi a capacidade de pensar a estratégia. Quando você está na iminência de se afogar, não consegue olhar o horizonte. Você está lutando para respirar e não dá para parar, olhar e dizer: ‘ali está a praia, vou nadar mais um pouco e vai chegar’”, resumiu Lia.
Mas, parafraseando Guimarães Rosa, se o que a vida pede da gente é coragem, as quatro empresárias mostraram que na dificuldade souberam se reinventar, sem deixar de estar conectadas com o que Andressa chama de “verdade pessoal” e Tereza classifica como “voz que vem do coração”. Enquanto Lia intensificou a produção de congelados (as cozinhas que ela produz foram um dos assuntos mais comentados da palestra) e criou um hub online para parte da equipe trabalhar à distância, Andressa colocou para funcionar completamente do zero em apenas 48h uma operação de delivery de comida caseira e, depois, decidiu repensar inteiramente o branding do negócio, Tereza aproveitou para também investir no delivery, se aproximar do público baiano e reformar a casa, enquanto Lídia se viu obrigada a fechar as portas de um negócio que tinha inaugurado há apenas 15 dias, mergulhar na gestão e apostar as fichas na entrega das refeições. Tantas mudanças podem ser resumidas numa frase que virou bordão no Casa de Tereza: “Se vocês acharem que estou fazendo algo óbvio, me avisem, que está errado”.
Para Lia, o que fica de herança da pandemia é que tudo passa. “A gente não pode cochilar e tem que estar a todo tempo se reinventando. Isso faz parte de ser empreendedor: a inovação, a vontade de realizar”.
Tereza Paim, chef executiva do Casa de Tereza - Salvador
Congresso Abrasel
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O 32º Congresso Nacional Abrasel é uma realização da Abrasel e Mundo Mesa, tem apoio da Abipesca e Fispal Food Service, parceria da Unecs e conta com o patrocínio bronze da Cahaça 51, Grupo Petrópolis e Totvs. O patrocínio ouro conta com Alelo, Ambev, Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Coca-Cola Brasil, Ecolab, Sebrae, Sodexo, Stone, Souza Cruz e Ticket. A parceria de mídia conta com a revista Bares & Restaurantes, Prazeres da Mesa e o jornal Correio Braziliense.