A partir da gastronomia, chef Janaína Rueda lidera movimento de transformação do centro da capital
“O que você está inventando agora, Jana?”. A pergunta, feita pelo diretor-executivo do Mundo Mesa, Georges Schnyder, à Janaína Rueda, tem razão de ser. No comando do Bar da Dona Onça, que ocupa o térreo do edifício Copan, símbolo do centro de São Paulo, a chef e empresária está sempre à frente de alguma iniciativa que busque melhorar a qualidade de vida nessa parte da capital. E vem dando muito certo. Prova disso são as ruas cheias de vida, de diversidade, de turistas e de paulistas descobrindo a própria cidade. E foi essa história de sucesso que a empresária compartilhou na tarde desta quarta-feira (26) no 32º Congresso Nacional Abrasel.
Ao lado do marido, o também (estrelado) chef, Jefferson Rueda, Janaína lidera um movimento que tem pilares no que ela mesmo chama de “gentification”, que seria transformar positivamente a vizinhança, mas mantendo os moradores no bairro – o oposto da gentrificação. “Sei que hoje a gente tem esse sucesso e reconhecimento, então não é nada mais que minha obrigação trazer de volta aquilo que eu recebi do centro da cidade. E comecei então a fazer ações que sejam benéficas para o meu entorno, a virar ativista da minha comunidade em troca de tudo que eles me deram”, afirma. E acrescenta: “Tenho um mote, uma hashtag, que é: vamos transformar, vamos melhorar o entorno, mas as pessoas ficam”.
A história começou há 12 anos, quando o bar da Dona Onça foi inaugurado com 43 lugares, numa portinha, e o centro de São Paulo ainda era um lugar “para não se visitar”. Janaína, que é paulista de nascença e cresceu justamente nessa parte da cidade, criou um negócio que incorporou o espírito democrático do centro, reunindo num mesmo espaço desembargadores, atrizes, escritores, juízes, travestis, estudantes. Com apenas seis meses de funcionamento, veio o primeiro – de muitos, muitos mesmo – prêmio gastronômico. O cardápio de cozidos e guisados de Rueda, que se define como “cozinheira popular” foi atraindo cada vez mais gente para “a panela de pressão que é o centro de São Paulo”.
Durante a palestra, a chef dividiu várias experiências, como um projeto para merenda escolar feita em parceria com a prefeitura da capital, o desejo de se tornar uma agricultora familiar, a ocupação do asfalto no centro. Contou ainda que a pandemia obrigou o casal – à frente não só do bar da Dona Onça, mas também da Casa do Porco, restaurante premiado internacionalmente, a se reinventar. “Foi uma loucura essa história. O delivery era um negócio que a gente não pensava em entrar. Investimos e foi inacreditável, um sucesso fora do comum. A gente nunca mais vai sair. Vamos inovar dentro dele”, comenta enquanto diz que estão inaugurando hoje uma “white kitchen” – cozinha branca ou transparente – de onde sairão todos os pedidos de delivery da Casa do Porco para que não interfira na operação do estabelecimento, que reabre as portas no próximo dia 1º depois de cinco meses fechado. Em uma hora de conversa, um turbilhão de coisas, ideias, inciativas – todas em torno do amor por São Paulo e da “cozinha de verdade”. Olhar para Janaína Rueda é perguntar sempre: o que você está inventando agora, Jana?
Congresso Abrasel
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O 32º Congresso Nacional Abrasel é uma realização da Abrasel e Mundo Mesa, tem apoio da Abipesca e Fispal Food Service, parceria da Unecs e conta com o patrocínio bronze da Cahaça 51, Grupo Petrópolis e Totvs. O patrocínio ouro conta com Alelo, Ambev, Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Coca-Cola Brasil, Ecolab, Sebrae, Sodexo, Stone, Souza Cruz e Ticket. A parceria de mídia conta com a revista Bares & Restaurantes, Prazeres da Mesa e o jornal Correio Braziliense.