abrasel

* Por Paulo Solmucci, presidente executivo da Abrasel

A reforma da Previdência avança. Uma vitória formidável, extraordinária, primorosa, magnífica. Aconteceu o que há um ano era inimaginável para a maioria dos analistas políticos e econômicos, e até mesmo para muitos jornalistas. Já aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, no dia 4 de setembro, a reforma irá à votação do plenário da casa até 10 de outubro. É indubitável que será de pleno êxito o fecho de todo esse longo e exaustivo processo de negociações com os parlamentares e a sociedade.

A tramitação da reforma previdenciária na CCJ da Câmara dos Deputados teve início em 25 de março, portanto há seis meses. O que então se estampava na imprensa era um retrato pessimista sobre as possibilidades de êxito da empreitada.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, entregou ao seu secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, a missão de costurar uma teia de entendimentos com os deputados federais da Câmara Federal, que se distribuem no vastíssimo leque de 25 legendas partidárias. Marinho é considerado um algodão entre os cristais. Um homem de paciência e fé, que se guia pela mesma convicção expressada por Martin Luther King, em 28 de agosto de 1963, na histórica Marcha sobre Washington, quando disse: “Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e experimentará o verdadeiro significado de suas crenças”. Em 2017, Marinho era deputado federal pelo PSDB do Rio Grande do Norte. Projetou-se como o ideólogo e o exímio relator da reforma trabalhista (um sonho impossível, que se tornou realidade naquele ano). O resultado do primeiro turno da votação da reforma trabalhista, em 26 de abril, foi surpreendentemente avassalador: 296 a favor, 177 contra.

No comando da mesa estava o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), que habilmente conseguiu conduzir os discursos e a votação, em meio a agressivos protestos dos parlamentares ligados ao corporativismo sindicalista. Começava a cair ali a obrigatoriedade da contribuição sindical, ao mesmo tempo em que a instituição do contrato do trabalho intermitente dava seus primeiros passos. No dia 13 de julho, o presidente Michel Temer sancionava – sem veto - a reforma trabalhista.

Para atravessar o tormentoso percurso que levou o país à reforma da Previdência, novamente estiveram na linha de frente Rogério Marinho e Rodrigo Maia, desta vez dispondo do reforço de duas outras lideranças da mais alta qualidade: o ministro Paulo Guedes e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM/AM). É desse modo, encorpando-se cada vez mais o time dos pensadores e reformadores do Brasil, que o nosso país começa a dar adeus ao anacronismo de um Estado corporativista, patrimonialista, clientelista e burocrático, até agora dedicado a servir só a si mesmo. Chega de expectativas frustradas. O país felizmente encontra o rumo do bem-estar social. Após as etapas das sucessivas conquistas na reforma trabalhista e previdenciária, os brasileiros calorosamente abraçaram a Liberdade Econômica, com a Medida Provisória aprovada pelo Senado no dia 21 de agosto. Rompeu-se outra vez o ceticismo quanto ao sucesso da proposta. A torcida brasileira canta, repetindo este refrão: a confiança voltou.

A escada é lavada de cima para baixo. Assim chegamos ao térreo, onde temos de, também, lavar a calçada que serve ao cotidiano vaivém da cidadania. Se as leis desburocratizantes e modernizadoras da realidade brasileira não chegam ao chão da nacionalidade, elas não se enraízam, acabam não pegando. Este é um trabalho que cabe às lideranças personificadoras das vozes e da vontade das ruas. Nós temos essa delegação. Isso é com a gente mesmo. Porque onde há Brasil, Abrasel.

Fonte: Revista Bares & Restaurantes, edição 130.

Comentários